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Óculos com filtro de luz azul ajudam seu sono?

Óculos com proteção contra luz azul já são uma realidade no mercado - iStock
Óculos com proteção contra luz azul já são uma realidade no mercado - iStock

Redação Publicado em 29/10/2021, às 08h00

Já parece ser consenso que a luz azul emitida por telas digitais prejudica o sono. Além da recomendação que a evitemos antes de dormir, têm surgido óculos com lentes providas de filtros contra esse tipo de luz. Mas será que funcionam mesmo?

Luz azul: o que é?

A luz visível possui diversos comprimentos de onda.  Juntos, eles são capturados por nossos olhos e traduzidos em luz branca pelo cérebro.

Se você já teve a oportunidade de observar a luz através de um prisma, verá que ela se decompõe em várias cores, entre elas a azul. A luz azul tem diferentes comprimentos de onda, que produzem uma gama de efeitos em nosso corpo, inclusive no estado de alerta e no sono.

A luz afeta nossos corpos

Além de nos ajudar a ver, a luz também tem efeitos não visuais no corpo, explica Steven Lockley, neurocientista da Divisão de Sono e Distúrbios Circadianos do Brigham and Women's Hospital.

O cérebro tem um mecanismo interno chamado de relógio circadiano, de 24 horas, que regula os ciclos de sono e vigília, a atividade hormonal, a alimentação e a digestão, além de outros processos importantes no nosso corpo. Lockley explica que fotorreceptores especiais no olho detectam luz para controlar nossos ritmos circadianos. Essas células contêm um fotopigmento chamado melanopsina, que é mais sensível à luz azul-esverdeada do espectro de luz visível. Outros fotorreceptores visuais, os cones, nos permitem ver comprimentos de onda ainda mais curtos, como o azul-violeta.

A luz azul pode interferir no sono?

Durante o dia, a luz é desejável, porque ajuda a sincronizar o relógio circadiano ao ciclo de dia-noite. Ou seja, a exposição a um ciclo regular de luz e escuridão é fundamental para uma boa noite de sono.

Os estímulos provenientes de certos comprimentos de onda de luz azul nos ajudam a ficarmos alertas, quer a fonte seja o sol, durante o dia, ou dispositivos eletrônicos, que também emitem luz azul. Embora o estímulo seja útil durante o dia, à noite ele pode atrapalhar o sono. A exposição à luz azul à noite – por exemplo, assistir a uma série no laptop, tablet ou smartphone antes de dormir – vai estimular as células que contêm melanopsina e alertar o cérebro, fazendo-o pensar que é dia. Isso pode dificultar o adormecimento e assim afetar a qualidade do seu sono.

Confira:

Filtro de luz azul funciona?

Embora uma revisão sistemática recente tenha sugerido que óculos com filtro de luz azul possa ajudar pessoas com insônia,  Lockley considera que não há detalhes suficientes nos estudos para chegar a essa conclusão. A maioria dos óculos com filtro de luz azul e revestimentos especiais disponíveis no mercado não são padronizados. 

Portanto, não há como saber quais comprimentos de onda estão sendo bloqueados e se isso afeta apenas a função visual ou funções não visuais importantes, como o estado de alerta e o relógio circadiano. Além disso, o momento, a duração e a natureza da exposição noturna à luz no resumo desses estudos não eram claros.

Para bloquear os estímulos da luz azul que podem interferir no sono, evite usar a tela o máximo possível após o anoitecer – especialmente duas a três horas antes de dormir. Você também pode tentar usar um aplicativo que reduza a quantidade de luz azul emitida pela tela digital.  Além disso, é uma boa ideia averiguar e resolver outros problemas que podem estar interferindo em seu sono.

Uma forma de diminuir o cansaço visual, algo comum em pessoas que usam telas com frequência, é fazer pausas regulares usando a regra 20-20-20, como recomenda a Academia Americana de Oftalmologia. A cada 20 minutos, desvie o olhar da tela para um objeto a cerca de 6 metros de distância, por cerca de 20 segundos.

Você também deve buscar o máximo de exposição possível à luz do dia entre o uso da tela, a fim de fornecer um forte estímulo circadiano e de alerta, especialmente se passa a maior parte do tempo dentro de casa.

Fonte: Harvard Health And Behavioral Science

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