Estudos mostram que o suicídio de pessoas famosas serve de incentivo para quem já está com a ideia na cabeça; conheça os fatores de risco
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h17 - Atualizado às 23h57
Um estudo publicado em maio deste ano, na revista Lancet Psychiatry, comprovou que, quando a imprensa dá destaque para casos de suicídio, há um aumento no número de pessoas que se matam nos meses seguintes, especialmente jovens.
Estudos anteriores já haviam feito essa conexão: depois da morte de Marilyn Monroe, por exemplo, houve um aumento de 12% no número de suicídios nos Estados Unidos, segundo o USA Today.
Prevenir o suicídio tem sido um desafio enorme para os especialistas. E, embora seja muito difícil evitar esses casos, vale a pena conhecer os fatores de risco e os possíveis sinais de alerta. E buscar orientação caso identifique alguma tendência em parentes ou amigos.
A Fundação Americana para Prevenção do Suicídio explica que o risco tende a ser mais alto em pessoas com transtornos mentais, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, abuso de álcool ou outras substâncias, esquizofrenia, sintomas psicóticos, personalidade borderline ou antissocial, e que demonstram impulsividade e agressividade. Mas é bom lembrar que nem todo indivíduo com problemas psiquiátricos tem pensamentos suicidas.
Pessoas com histórico de suicídio na família também têm propensão maior, assim como quem já fez alguma tentativa. Outros fatores de risco são: ter alguma doença grave ou quadro crônico de dor, ter passado por um evento estressante como perda de alguém próximo, perda financeira, desemprego, separação ou conflitos no relacionamento, humilhação ou problemas com a lei. E aí entra o aspecto abordado no estudo da Lancet: quem foi exposto ao suicídio por meio de reportagens sensacionalistas também pode ter risco maior.
Receber os cuidados adequados em relação à saúde mental, assim como ter conexões positivas com a família, colegas ou amigos, são fatores que protegem contra o suicídio. Instituições como o casamento e a religião também ajudam.
Segundo a fundação americana, uma pessoa que pensa em suicídio pode dizer isso diretamente ou de maneira indireta, sugerindo que gostaria de acabar com a dor que está sentindo ou que não vê saída para sua situação. Muitas vezes, a pessoa comenta que gostaria de estar morta. Vale a pena ficar atento, também, se algum conhecido comprou uma arma ou algum instrumento letal.
Outros possíveis sinais de alerta são: falta de esperança ou de razões para viver; sensação de estar encurralado; sensação de ser um fardo para os outros; ataques de ansiedade ou de pânico; insônia; perda de interesse nas coisas e na capacidade de sentir prazer; isolamento; agitação ou irritabilidade; raiva e desejo de vingança; e sensação de rejeição.
De 50% a 75% de todas as pessoas que fazem uma tentativa de suicídio contam a alguém sobre a sua intenção, por isso é importante levar a sério um comentário desse tipo. Incentive a pessoa a buscar ajuda profissional (às vezes é preciso ser firme em relação a isso) e demonstre preocupação.
Em situações mais críticas, quando a pessoa deixa claro que tem planos específicos para se matar, é bom evitar deixá-la sozinha e remover de perto dela armas, objetos cortantes, fios ou drogas que podem ser usadas para suicídio. Lembre-se que muitos hospitais de referência possuem ambulatórios psiquiátricos.
Por último, se você não foi capaz de evitar o suicídio de alguma pessoa próxima, não se sinta culpado. Nem sempre é fácil interpretar os sinais com antecedência e, às vezes, nem mesmo profissionais muito experientes conseguem prevenir essa tragédia.