Redação Publicado em 25/03/2022, às 17h00
“Doutor, tenho 17 anos, minha namorada 16, ela foi abusada por um familiar há dois anos quando a gente ainda não se conhecia. Ela nunca conseguiu chegar ao orgasmo, nem comigo e nem sozinha, por conta dessa situação. O que eu posso fazer para ajudá-la? Não gostaria que ela vivesse uma vida de frustração sexual”
Abuso sexual é uma questão muito grave, com números de ocorrência altíssimos no Brasil. Quando uma pessoa passa por uma situação como essa, não é incomum que ela apresente dificuldades na esfera emocional, da saúde mental, de concretizar um relacionamento, de confiar na parceria e, muitas vezes, dificuldades no campo sexual.
Dessa forma, é essencial que vítimas de abuso sexual recebam algum tipo de suporte e de acompanhamento. É importante que elas falem sobre o assunto e cheguem a profissionais que possam ajudá-las a lidar melhor com esse momento traumático.
Abuso sexual é um crime muito sério e as pessoas devem denunciar essas situações. Quando isso acontece dentro de casa e no âmbito familiar – o que não é incomum –, muitas vezes, os indivíduos preferem colocar “panos quentes”, ou seja, abafar o ocorrido e evitar constrangimentos.
Entretanto, isso é exatamente o que não deve ser feito. Esse é um assunto que precisa ser falado, discutido e denunciado para que seja possível interromper essa corrente que afeta diretamente a saúde mental das vítimas.
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Confira:
Uma em cada quatro mulheres brasileiras, cerca de 17 milhões, sofreram alguma forma de violência ao longo da vida. Além disso, pessoas do sexo feminino aparecem como as que mais têm medo de andar pela cidade.
Os dados são de pesquisas feitas pelo Instituto Patrícia Galvão (IPG) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apresentados no webinar "Os Impactos da Violência no Cotidiano das Mulheres ", realizado pelo Me Too Brasil, uma organização brasileira que traz notícias, compartilhamento de experiências e oferece acolhimento para vítimas de violência sexual.
De acordo com os achados, o ambiente de risco de violência para uma mulher não é apenas em baladas, por exemplo, e sim dentro da própria casa, no transporte público e no local de trabalho.
Um dos estudos mostrou ainda que apenas 16% dos indivíduos que circulam pelas cidades têm a sensação de plena segurança. Mulheres, negros, pessoas com deficiência, de baixa renda e a população LGBTQIA+ aparecem como os grupos sociais que mais sentem insegurança ao se deslocar.
Essa insegurança e a violência registrada nos deslocamentos é maior para as mulheres do que para os homens. Entre as participantes do sexo feminino, 68% contaram ter muito medo de saírem sozinhas à noite no bairro onde moram, sendo os principais motivos para esse receio: medo de sofrer agressões físicas, estrupro, assédio sexual, importunação e racismo.
Segundo os pesquisadores, esse é um dado importante e preocupante, pois está diretamente relacionado com o direito de ir e vir das mulheres. Todas as informações encontradas pelo levantamento ressaltam a urgência da criação de políticas públicas e de ações da sociedade civil para mudar esse cenário da violência e da desigualdade de gênero no país.
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