Mesmo sabendo que eu deveria estar dormindo, sigo fazendo atividades banais como assistir a séries de madrugada
Guilherme Ravache Publicado em 04/04/2021, às 08h00
Quantas vezes você já se viu com sono de madrugada, mas, mesmo sabendo que deveria dormir, segue acordado. E não estou falando de insônia. O caso aqui é da decisão consciente de ficar acordado fazendo outra coisa, mesmo sabendo que deveria dormir.
Alguns pesquisadores chamam isso de “revenge bedtime procrastination” ou procrastinação na hora de dormir, enquanto a palavra chinesa para isso se traduz como "procrastinação de vingança na hora de dormir".
Confesso que sofro com esse problema desde a adolescência e ele foi piorando ao longo dos anos. Mas durante a pandemia piorou com uma combinação de tecnologia e ansiedade. Desligar o celular é uma luta. E, às vezes, mesmo depois de desligá-lo, lembro de algo para anotar ou alguma mensagem para checar e logo estou navegando no celular e resisto a desligá-lo. Isso quando não embalo assistindo a séries no Netflix madrugada adentro, mesmo sabendo que já passou a hora de dormir.
Basicamente, na hora de dormir tenho a maturidade de um bebê de três meses. Ou seja, sofro da completa falta de autorregulação, termo que os pesquisadores usam para apontar a capacidade de se controlar nessas situações.
Desde os tempos em que as pessoas entravam noite adentro assistindo à TV (os mais velhos vão se lembrar do Corujão), aos dias de hoje, quando assistimos a séries no Netflix ou ficamos em redes sociais quando deveríamos estar dormindo, o fenômeno se repete.
Durante a pandemia de Covid-19, não foi somente eu que senti a piora. Pessoas, particularmente mais jovens, têm relatado o problema. À medida que temos menos tempo ao longo do dia para o lazer, acabamos usando a noite para encontrar espaço para a diversão que não temos em horários regulares, mesmo que isso resulte em sono insuficiente.
E, como em qualquer caso de falta de sono, pode haver efeitos negativos significativos na saúde mental, física e emocional, com consequências de curto e longo prazo.
Pesquisando sobre o tema, que já tem até página na Wikipédia, encontrei uma reportagem na Wired com Michael Breus, o Doutor Sono.
Em seu primeiro livro, "Good Night: The Sleep Doctor's 4-Week Program to Better Sleep and Better Health" ("Boa Noite: programa de 4 semanas do Doutor Sono para um sono e uma saúde melhores", em tradução livre), há uma estratégia para desacelerar sua mente, enquanto faz com que você se afaste da tecnologia e resolva a procrastinação diária (que pode levar à procrastinação da hora de dormir).
A hora de desligamento é composta por três segmentos de 20 minutos:
- Os primeiros 20 minutos são dedicados a coisas que precisam ser feitas.
- Os segundos 20 minutos são reservados para higiene (como um banho quente).
- Os 20 minutos finais são para relaxamento (como meditação, oração ou registro no diário).
Segundo o especialista, a ordem de cada segmento é "o ingrediente secreto". Com essa técnica, você não está apenas abordando comportamentos específicos de autorregulação; você também está considerando o elemento "pensamentos e sentimentos".
O método do Doutor Sono me conquistou pela simplicidade. Mas há uma série de métodos e estratégias para ajudar você a dormir. Escolha o seu e bom sono.
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