Cobrar-se em excesso pode gerar um alto grau de sofrimento e frustrações
Milena Alvarez Publicado em 26/05/2022, às 14h00
“Deveria ter feito isso”; “Por que eu sou desse jeito?”; “Deveria ter me esforçado mais”; “Preciso ser bom em tudo que faço”. Esses são pensamentos recorrentes de pessoas que lidam com uma autocobrança excessiva e podem ser uma fonte de sofrimento. A seguir, conversamos com a psicóloga Monica Machado para entender melhor essa questão. Confira!
A autocobrança é uma procura constante pela “pseudoperfeição”, o que acaba gerando expectativas irreais e se transformando em frustrações. Apresentar uma autocobrança excessiva está diretamente relacionado a tudo aquilo que gostaríamos de esconder dos outros: imperfeições, vulnerabilidade, incapacidade e sensação de impotência.
Ninguém quer se sentir ou ser visto dessa forma. Daí a necessidade de se cobrar sempre e cada vez mais”, explica Monica.
E qual é a origem da autocobrança? Segundo a psicóloga: "No fundo, todo mundo é autocrítico, principalmente em uma era de tanta competitividade e comparações. A diferença é que há pessoas que sabem lidar com isso melhor que outras”, comenta.
Pessoas que não conseguem manejar bem essa cobrança criam expectativas irreais e isso vira uma grande exigência pessoal. Monica explica que é essencial ter em mente que podemos fazer e dar o nosso melhor sem ultrapassar nossos limites físicos e emocionais. Pensar dessa forma ajuda a neutralizar as emoções negativas, possibilitando que a pessoa se relacione ou atue em determinadas situações com menos pressão interna e mais equilíbrio emocional.
Vale lembrar que a autocobrança exagerada pode desencadear crises de ansiedade e, até mesmo, desenvolver transtornos graves. Daí a importância de se policiar. Caso perceba que o sentimento fugiu de controle, o ideal é buscar ajuda médica”, alerta a psicóloga.
Confira:
Para aprender a lidar melhor com a autocobrança, Monica compartilhou algumas dicas simples que podem ajudar:
Ser autêntico demanda coragem porque precisamos aceitar nossa personalidade, nossa vulnerabilidade e nossas falhas. É necessário abraçar quem realmente somos e evitar ficar se comparando com os outros. Não tenha medo de ser quem você é.
Na correria do cotidiano, todas as coisas que precisamos fazer podem ultrapassar os nossos limites e, se não nos damos conta de tudo, podemos nos sentir frustrados. Por isso, é importante se permitir “diminuir o ritmo”, fazer menos e incluir momentos de descanso pelo caminho.
Tente esquecer um pouco a lista de tarefas e faça algo que não esteja relacionado a alguma responsabilidade, algo que simplesmente te proporcione bem-estar e prazer. Nossa mente fica mais produtiva quando está descansada.
A resiliência é definida como a capacidade de se adaptar bem diante de adversidades da vida. Assim, vale tentar ter uma visão mais positiva das coisas, entrar em contato com as emoções e prestar atenção se as escolhas aumentam os problemas ou constroem o caminho para a solução.
Ser uma pessoa autocrítica e perfeccionista pode gerar um ciclo vicioso. Na busca por uma vida e ações perfeitas, acabamos fugindo das situações capazes de revelar nossos defeitos para o mundo. Dessa forma, quando entendemos que, na verdade, a perfeição não existe, fica mais fácil acolher quem realmente somos, nos perdoar e pedir ajuda quando necessário.
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