Quando você vai a uma festa com várias pessoas desconhecidas, você sente nervosismo? Acha que todos estão se divertindo e se socializando, menos você? Tenta dançar, mas sente os braços pesarem? E o pior: acha que está sendo julgado(a) por não falar muito, nem dançar direito?
Bom, se você respondeu “sim” às perguntas acima, você já deve saber que sofre com timidez. Ao contrário de diversas pessoas introvertidas, que são mais quietas, reservadas, e não se incomodam com isso, os tímidos, de um modo geral, gostariam de ser diferentes. E isso pode causar muito sofrimento, principalmente na adolescência, uma época em que a sensação de pertencimento é fundamental para o bem-estar.
Todo tímido tem um pouco de ansiedade social, mas esse último diagnóstico é mais intenso. Também chamado de fobia social, esse quadro traz uma limitação muito grande para a vida da pessoa.
Por exemplo: uma pessoa tímida pode até suar e gaguejar um pouco ao apresentar um trabalho na faculdade, mas sente alívio quando tudo acaba e segue em frente. Já uma pessoa com ansiedade social vai ter insônia e dor de barriga semanas antes dessa apresentação, vai inventar uma desculpa para não ir à aula no dia “D”, e vai acabar com nota baixa.
No primeiro caso, de timidez, a pessoa pode até buscar recursos para relaxar mais e ganhar confiança em certas situações. Ou a característica acaba melhorando bastante ao longo da vida, conforme a pessoa se expõe. Já no caso da ansiedade social, há um sofrimento intenso e um claro prejuízo para a vida da pessoa, o que requer a ajuda de um profissional de saúde mental.
- Genética: muita gente já apresenta traços de introversão desde muito cedo, o que pode ser algo herdado. Mas é bom saber que características da nossa personalidade podem mudar ao longo da vida.
- Influências ambientais: seus pais e as pessoas que conviveram com você desde a infância podem ter influência no seu jeito de ser. Ter pais muito exigentes ou rígidos, ou crescer num ambiente inseguro, por exemplo, podem fazer com que um jovem tenha mais dificuldade em se expressar.
- Experiências traumáticas: situações difíceis vividas na infância, ou mesmo mais tarde, podem deixar marcas duradouras, fazendo com que as pessoas se isolem ou passem a evitar certas situações de exposição.
Como já dissemos, um transtorno de ansiedade social é uma questão de saúde mental que pode demandar ajuda de um terapeuta. Já a timidez é algo que você pode tentar superar sozinho ou com ajuda de amigos ou cursos. Veja, abaixo, algumas estratégias que podem ajudar nisso.
1. Vá aos poucos
Sair da zona de conforto pode ser assustador, por isso você deve começar com pequenas metas. Se você tem uma apresentação na escola ou no trabalho, comece treinando no espelho, depois com um familiar. Você também pode estabelecer o objetivo de puxar assunto com alguém numa fila, o lugar perfeito para treinar o início de uma conversa (afinal, você nunca mais vai encontrar aquela pessoa).
2. Explore suas fortalezas
Quando entendemos bem de algum assunto, fica fácil conversar sobre aquilo, até com quem você não conhece direito. Assim, se você gosta de videogame, política, esporte, beleza ou moda, leia bastante e veja vídeos para entender ainda mais sobre esses temas. Fazer um curso também ajuda a construir autoconfiança, com a vantagem de te colocar em contato com pessoas que compartilham o mesmo interesse que você.
3. Saiba que você não é o centro das atenções
Pessoas tímidas ou com ansiedade social têm a sensação de que estão sendo observadas ou julgadas o tempo todo. Mas isso é uma distorção da realidade. Na maioria das vezes, as pessoas estão pensando em outras coisas, ou estão somente concentradas num detalhe da sua roupa ou do seu cabelo, por exemplo. Procure se lembrar disso sempre.
4. Importe-se com os outros
Preste atenção às pessoas ao seu redor, tenha interesse nelas, faça perguntas, elogios sinceros, ou ofereça ajuda. As pessoas gostam de saber que alguém se importa com elas. Todo mundo tem uma história bacana para contar, e todo mundo tem fraquezas, assim como você. Quando você está concentrado no que os outros falam, fica mais fácil vencer a sensação de que você está sendo observado ou julgado.
5. Não se sabote
Muita gente evita situações de exposição para não sofrer, mas isso só agrava o problema. Mesmo que você vá suar ou gaguejar, vale a pena participar de eventos sociais. Mesmo que as pessoas percebam que você é tímido (elas vão perceber), você pode acabar se divertindo. E quanto mais você se expor hoje, mais fácil será a sua vida amanhã.
6. Dê nome aos bois
É importante entender cada aspecto da sua timidez, para pensar em estratégias. Você sente que não sabe onde colocar os braços quando está numa festa? Que tal usar o bolso? Você não consegue olhar no olho da pessoa, ao conversar com ela? Que tal treinar com um amigo próximo? Você fica muito tenso em aglomerações? Que tal ir até o banheiro e fazer alguns exercícios de respiração?
7. Cuide da aparência
Tomar um bom banho, escolher um bom desodorante, escovar sempre os dentes, cuidar do cabelo e colocar uma roupa que te agrade são pequenos detalhes que fazem a gente se sentir melhor com a gente mesmo no dia a dia. Isso também ajuda na autoconfiança e na hora de fazer novos contatos.
8. Cerque-se de quem te dá suporte
Se está difícil ir a um evento sozinho, peça para um amigo próximo ir junto. Procure pessoas que te dão apoio nas horas difíceis, que saibam como pode ser difícil para você se expor. Conversar, se abrir e estreitar laços com outras pessoas ajuda muito no nosso bem-estar.
9. Procure ajuda profissional
Se está difícil lidar com a timidez sozinho ou com ajuda dos amigos e familiares, procure um terapeuta que possa ajudá-lo a vencer esse obstáculo. Depois que conquistar mais segurança, você pode até buscar um curso de desinibição ou de oratória, por exemplo, para melhorar suas habilidades.
Fontes: Psychology Today, Healthline e Kids Health
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin