Pesquisa brasileira sugere que esses alimentos contribuíram para 57 mil mortes prematuras no país em 2019
Milena Alvarez Publicado em 07/11/2022, às 16h00
Um novo estudo publicado pelo American Journal of Preventive Medicine mostrou que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados esteve associado a mais de 10% das mortes prematuras e evitáveis no Brasil em 2019.
Os pesquisadores investigaram dados de levantamentos dietéticos representativos nacionalmente que revelavam a ingestão de alimentos ultraprocessados de acordo com a faixa etária e o sexo. Foram utilizadas análises estatísticas para estimar a proporção de óbitos totais atribuíveis ao consumo desses produtos e o impacto da redução em 10%, 20% e 50% dentro das idades examinadas.
Em todas as faixas etárias e estratos sexuais, o consumo de alimentos variou de 13% a 21% da ingestão total de alimentos no Brasil no período estudado. Um total de 541.260 adultos de 30 a 69 anos morreu prematuramente em 2019, dos quais 261.061 eram de doenças evitáveis e não transmissíveis.
O estudo constatou que cerca de 57 mil mortes naquele ano poderiam ser atribuídas ao consumo de alimentos ultraprocessados, o que correspondeu a 10,5% de todos os óbitos prematuros e 21,8% de todas as mortes por doenças não transmissíveis evitáveis em adultos de 30 a 69 anos. Os pesquisadores sugeriram que em países de alta renda, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália, onde esses produtos representam mais da metade do consumo calórico total, o impacto seria ainda maior.
Alimentos ultraprocessados são itens prontos para comer ou prontos para aquecer, ricos em açúcar, sódio, além de baixos níveis de fibras, proteínas, vitaminas e minerais. Eles normalmente contêm açúcares adicionados, óleos hidrogenados e melhoradores de sabor.
Alguns exemplos incluem petiscos e doces embalados, cereais de café da manhã açucarados, biscoitos, salgadinhos e embutidos. Quando consumidos em excesso, esses alimentos estão ligados a diversos problemas de saúde, como diabetes, obesidade e outras condições médicas graves, como certos tipos de câncer.
No caso desta pesquisa, os produtos classificados como ultraprocessados eram: lanches embalados, cereais de café da manhã, doces, refrigerantes, sucos adoçados, iogurtes, sopas enlatadas e alimentos preparados, como pizza, cachorro-quente, hambúrgueres e nuggets de frango.
Confira:
Segundo a equipe, a pesquisa mostrou também que os alimentos ultraprocessados têm substituído constantemente a ingestão de alimentos integrais tradicionais, como arroz e feijão, ao longo do tempo no Brasil.
Assim, reduzir esse consumo e promover escolhas alimentares mais saudáveis pode exigir múltiplas intervenções e medidas de saúde pública, como políticas fiscais e regulatórias, mudança de ambientes alimentares, fortalecimento da implementação de diretrizes alimentares baseadas em alimentos e melhora do conhecimento, das atitudes e dos comportamentos dos consumidores.
De acordo com as descobertas, a diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados em 10% a 50% poderia potencialmente evitar cerca de 5.900 a 29.300 mortes prematuras no Brasil a cada ano.
Os pesquisadores explicam ainda que a ingestão desses produtos está diretamente associada a muitos desfechos ruins à saúde, como obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, alguns cânceres e outras enfermidades, representando uma causa significativa de mortes evitáveis e prematuras entre adultos brasileiros.
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