Pesquisa sugere que a capacidade do corpo de destruir uma proteína relacionada à doença oscila com ritmo circadiano diário
Redação Publicado em 14/02/2022, às 17h30
A capacidade do cérebro de limpar uma proteína intimamente ligada à doença de Alzheimer está ligada ao nosso ciclo circadiano, de acordo com um novo estudo publicado na PLOS Genetics.
Os resultados ressaltam a importância de manter hábitos saudáveis de sono como forma de prevenir o aglomerado de proteína Amilóide-Beta 42 (AB42) no cérebro, abrindo um caminho para potenciais terapias e tratamentos contra a doença.
Os pesquisadores explicam que a regulação circadiana das células imunes desempenha um papel significativo na complicada relação entre o relógio circadiano do corpo e a doença de Alzheimer.
Os achados mostram que ter um padrão de sono saudável pode ser importante para aliviar alguns dos sintomas da condição, e esse efeito benéfico pode ser transmitido por um tipo de célula imune chamada macrófagos.
O cérebro tem um mecanismo interno chamado de ciclo circadiano, de 24 horas, que regula os ciclos de sono e vigília, oscilações diárias nos níveis de enzimas e hormônios, a alimentação e a digestão, temperatura corporal, resposta imune, além de outros processos importantes. A interrupção desse sistema está cada vez mais associada a doenças como diabetes, câncer e Alzheimer.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa causada, em parte, pelo acúmulo de placas de uma proteína chamada Amilóide-Beta 42 (AB42) no cérebro. Os macrófagos, células do sistema imunológico que buscam e destroem material indesejado, “limpam” a AB42 da região cerebral ingerindo-a em um processo chamado fagocitose.
Pesquisas anteriores – que investigaram como os macrófagos oscilam com o ritmo circadiano – notaram oscilações em enzimas que ajudam a fazer duas proteínas na superfície dessas células, sendo conhecidas por desempenhar um papel importante na regulação da limpeza da AB42 no cérebro.
Confira:
Assim, essas proteínas na superfície celular dos macrófagos poderiam ser uma ligação entre o sistema circadiano e o Alzheimer. A quantidade de AB42 ingerida por macrófagos saudáveis oscila de acordo com o ritmo circadiano diário do corpo.
Os resultados mostraram que o pico de liberação da AB42 ocorreu quando a produção das proteínas estava em seu nível mais baixo, sugerindo que elas inibem a liberação da AB42.
Em outras palavras, o estudo descobriu uma oscilação diária na liberação de AB42 e que essa oscilação se perdeu em células sem um ritmo circadiano. A causa básica dessa variação é o controle circadiano realizado pelas proteínas da superfície celular dos macrófagos, que já haviam sido relacionadas em pesquisas anteriores a um papel na limpeza de AB42 do cérebro.
Assim, a pesquisa demonstrou um elo mecânico implícito entre a interrupção dos ritmos circadianos do corpo e o Alzheimer. Para os pesquisadores, essa relação poderia ser usada para desenvolver terapias que incentivassem a limpeza de AB42 e evitassem o seu acúmulo no cérebro.
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