Redação Publicado em 11/01/2022, às 14h00
A maioria das pessoas provavelmente já ouviu falar que alimentos e suplementos ricos em antioxidantes podem beneficiar a saúde, mas muitos podem não entender completamente o que são essas substâncias ou como elas atuam no corpo. De acordo com um artigo, a palavra "antioxidante" é um dos termos científicos que a literatura não define claramente. Por isso, este texto pretende analisar em profundidade o que são antioxidantes, e como eles afetam a sua saúde.
Antioxidantes são compostos que reduzem ou inibem o dano celular por meio da capacidade de neutralizar moléculas chamadas radicais livres, moléculas que possuem um ou mais elétrons desemparelhados em sua órbita externa, tornando-os instáveis e altamente reativos. O corpo os cria por meio de processos metabólicos endógenos normais, incluindo a produção de energia.
O corpo também os produz em resposta a fatores ambientais e de estilo de vida, como exposição ao sol, tabagismo, consumo de álcool, entre outros. Os antioxidantes inibem um processo chamado oxidação, que gera radicais livres que levam a danos celulares. Os antioxidantes interagem com segurança com os radicais livres, neutralizando-os antes que possam causar danos às proteínas, lipídios e DNA.
O estresse oxidativo ocorre quando há excesso de radicais livres no corpo. Esse desequilíbrio pode ocorrer devido ao aumento da produção de radicais livres ou pela diminuição das defesas antioxidantes. Os radicais livres desempenham um papel importante no funcionamento fisiológico normal do corpo e contribuem para a saúde de uma pessoa. No entanto, elas podem elevar o risco de enfermidades quando ocorrem em excesso. Muitas doenças crônicas, incluindo as do coração e o câncer, têm ligações com danos progressivos provocados por radicais livres.
As células contam com sistemas de defesa que ajudam a manter a produção de radicais livres sob controle, como certas enzimas antioxidantes. As principais delas são: superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GRx).
Nosso corpo também produz antioxidantes por meio do metabolismo. Alguns exemplos são: ácido lipóico, glutationa, coenzima Q10, melatonina, ácido úrico, L-arginina, proteínas quelantes de metais, bilirrubina e transferrina.
No entanto, existem alguns antioxidantes que o corpo não pode produzir, o que significa que uma pessoa deve consumi-los por meio da alimentação. Esses nutrientes incluem carotenoides, vitaminas antioxidantes (incluindo vitaminas C e E), selênio, manganês, zinco, flavonoides e gorduras do tipo ômega-3 e ômega-6. Antioxidantes dietéticos e suplementares tendem a receber mais atenção no mundo da nutrição, porque consumir uma dieta rica nessas substâncias pode ajudar a aumentar as defesas do corpo contra os radicais livres.
Desvendar os meandros dos antioxidantes em suplementos pode ser desafiador e confuso. Muitos desses nutrientes ocorrem naturalmente nos alimentos, e inúmeros outros compostos que prometem aumentar as defesas antioxidantes do corpo estão disponíveis como suplementos. Frutas, legumes, especiarias e nozes contêm milhares de compostos diferentes com essa função. Por exemplo: uvas, maçãs, peras, cerejas e frutas vermelhas contêm um grupo de substâncias químicas vegetais chamadas 'antioxidantes de polifenóis'. Existem mais de 8.000 deles na natureza.
Frutas e vegetais de cores vivas também contêm altas concentrações de carotenoides, outra classe de antioxidantes. No entanto, os nutrientes presentes nos alimentos naturais são muito diferentes daqueles encontrados em suplementos. Só a vitamina E, para citar um exemplo, pode ser encontrada em diferentes formas, tanto naturalmente quanto em versões sintéticas, e todas elas podem ter efeitos distintos no organismo.
Talvez seja por isso que estudos que investigam os potenciais benefícios à saúde dos suplementos de vitamina E tragam resultados conflitantes. Além disso, os suplementos geralmente contêm doses concentradas de compostos antioxidantes isolados, que podem afetar a saúde de maneira diferente, em comparação com alimentos ricos nas mesmas substâncias. Vale lembrar que nem todo mundo gosta da ideia de tomar suplementos, sem contar possíveis riscos associados à prática, como discutiremos a seguir.
É claro que uma dieta concentrada em alimentos ricos em antioxidantes, principalmente frutas e vegetais, é benéfica para a saúde geral. No entanto, a relação entre antioxidantes suplementares e prevenção de doenças é menos clara. Muitos estudos sugerem que tomar suplementos que contêm doses concentradas de antioxidantes pode beneficiar certos aspectos da saúde.
Por exemplo, os pesquisadores associaram suplementos antioxidantes – incluindo gorduras ômega-3, curcumina, selênio, resveratrol e vitamina C — com vários resultados benéficos ao organismo. No entanto, embora certos antioxidantes possam trazer benefícios à saúde quando uma pessoa os toma por um motivo específico, isso não significa que consumi-los seja sempre seguro ou necessário.
Algumas pesquisas sugerem que tomar certos suplementos antioxidantes pode interferir com as vias de sinalização naturais do corpo e trazer impactos adversos à saúde. Além disso, estudos mostraram que doses altas de certas substâncias podem ser prejudiciais em certas populações. Para se ter uma ideia, cientistas associaram a suplementação de vitamina E com um risco aumentado de câncer de próstata em homens saudáveis. Da mesma forma, estudos associaram a suplementação de betacaroteno com risco aumentado de câncer de pulmão em fumantes. A pesquisa também não encontrou nenhum benefício claro dos suplementos antioxidantes no risco de doenças.
Algumas evidências sugerem que a suplementação com altas doses com vitamina E, vitamina A e betacaroteno pode aumentar o risco de mortalidade. Isso indica que tomar suplementos de certos antioxidantes pode atrapalhar a rede de defesa antioxidante natural do corpo e até prejudicar a saúde quando tomado de forma inadequada. Por outro lado, uma revisão de pesquisas mostra que dietas ricas em vegetais, frutas, especiarias e outras fontes naturais de antioxidantes reduzem o risco de doenças e não causam resultados adversos à saúde.
Por esse motivo, os especialistas sugerem que as pessoas se concentrem em consumir antioxidantes por meio da alimentação. Eles não recomendam que elas tomem suplementos de antioxidantes em altas doses, a menos que especificamente recomendado por um profissional de saúde.
Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, em parceria com a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), da Universidade de Campinas (Unicamp), avaliou o potencial antioxidante, anti-inflamatório e a composição fenólica de dez frutas nativas brasileiras ainda pouco conhecidas pela ciência, como o cajá e o cambuci.
As frutas nativas brasileiras são ricas em substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, e contêm uma grande diversidade de compostos fenólicos, que também proporcionam importantes benefícios para a saúde humana. Segundo a engenheira de alimentos Jackeline Cintra Soares, autora do estudo, esses compostos apresentam ações específicas, podendo atuar como antioxidantes e anti-inflamatórios, prevenindo doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e o diabetes, por exemplo.
Foram mapeadas as seguintes frutas: araçá-boi (Eugenia stipitata), o cambuití-cipó (Sagerectia elegans), o murici vermelho (Bysonima arthropoda), o murici guassú (Byrsonima lancifolia), o morango silvestre (Rubus rosaefolius), o cambuci (Campomanesia phaea), o jaracatiá-mamão (Jacaratia spinosa), o juquirioba (Solanum alterno-pinatum), o fruta-do-sabiá (Acnistus arborescens) e o cajá (Spondias mombin L.).
As amostras foram coletadas no Sítio Frutas Raras, localizado na cidade de Campina do Monte Alegre (SP), exceto o cajá, que foi coletado na Fazenda Gameleira, município de Montes Claros de Goiás (GO). Das frutas analisadas, o araçá-boi, o cambuití-cipó, o murici vermelho, o morango silvestre e o cajá foram as que apresentaram as maiores atividades antioxidantes e/ou anti-inflamatórias.
Não há dúvida de que consumir uma dieta rica em alimentos ricos em antioxidantes é benéfico para a saúde e pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de doenças. No entanto, os pesquisadores não recomendam o uso rotineiro de suplementos antioxidantes para promoção da saúde, já que algumas evidências sugerem que certas substâncias em altas doses podem ser prejudiciais à saúde. É melhor evitá-los em grandes quantidades, a menos que um profissional de saúde confiável os prescreva ou recomende. A melhor maneira de ingerir antioxidantes é por meio de alimentos e bebidas, como vegetais, frutas, nozes, peixes, especiarias e chás.
Fontes: Medical News Today / Associação Brasileira de Nutrição
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