Novas evidências confirmam que praticar atividade física regularmente pode ajudar a aliviar os sintomas depressivos de adolescentes. É o que aponta um trabalho recém-publicado que revisou e analisou estudos com mais de 2.400 jovens de países como Brasil, EUA, Reino Unido, China, Chile, Alemanha, Irã e Tailândia.
Ao equipe, que inclui pesquisadores chineses e norte-americanos, descobriu que jovens de 13 anos ou mais, com alguma doença pré-existente, e aqueles diagnosticados com depressão são os que mais apresentam melhoras na saúde mental com a prática regular de exercícios.
A frequência da atividade física demonstrou ser importante para os resultados, segundo o estudo. A prática três vezes por semana, ou 10 a 15 sessões por mês, foi associada à maior redução nos sintomas depressivos, e o efeito também foi maior quando a atividade não era supervisionada.
O nível de intensidade dos exercícios e a duração de cada sessão – os estudos incluíam sessões de 30 minutos ou até 120 minutos – não alteraram de forma significativa os resultados.
No entanto, a melhora foi menos expressiva quando as intervenções eram pouco ou muito frequentes, e também quando eram muito curtas ou longas demais. Isso sugere que parte dos benefícios obtidos com a atividade física tem a ver com o sentimento de realização que surge quando conseguimos completar uma meta desafiadora, mas alcançável.
Os estudos envolviam diferentes programas de atividade física, como dança, natação, esportes, corrida, esteiras, elípticos e exercícios com videogame. O traço comum, porém, era a ênfase no exercício aeróbico.
A idade média dos participantes era de 14 anos e 47% deles eram meninos. Na maioria dos estudos, os jovens tinham sido escolhidos aleatoriamente e os resultados eram comparados com os de um grupo de controle.
Em um artigo que acompanhou o trabalho na Jama Pediatrics, um periódico da Associação Médica Americana, o pesquisador Eduardo Bustamente divulgou a seguinte conclusão:
A evidência de que a atividade física é um remédio eficaz para a saúde mental é robusta; agora precisamos encontrar maneiras de levar as pessoas a praticá-la”.
A depressão é o segundo transtorno mental mais prevalente entre crianças e adolescentes, com uma taxa de prevalência estimada de 6,2% globalmente. Já foi demonstrado que até 67% dos jovens com sintomas depressivos correm o risco de desenvolver transtornos depressivos ou de ansiedade com síndrome completa na idade adulta.
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Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin