Atividade física é remédio para sintomas depressivos em jovens

Estudos com mais de 2.400 jovens indicam qual a frequência ideal e quem se beneficia mais

Tatiana Pronin Publicado em 06/01/2023, às 14h00

Estudos envolveram não apenas esportes, mas também dança, esteira e exercícios com videogame - iStock

Novas evidências confirmam que praticar atividade física regularmente pode ajudar a aliviar os sintomas depressivos de adolescentes. É o que aponta um trabalho recém-publicado que revisou e analisou estudos com mais de 2.400 jovens de países como Brasil, EUA, Reino Unido, China, Chile, Alemanha, Irã e Tailândia.

Ao  equipe, que inclui pesquisadores chineses e norte-americanos, descobriu que jovens de 13 anos ou mais, com alguma doença pré-existente, e aqueles diagnosticados com depressão são os que mais apresentam melhoras na saúde mental com a prática regular de exercícios.

Dose ideal de atividade física

A frequência da atividade física demonstrou ser importante para os resultados, segundo o estudo. A prática três vezes por semana, ou 10 a 15 sessões por mês, foi associada à maior redução nos sintomas depressivos, e o efeito também foi maior quando a atividade não era supervisionada.

O nível de intensidade dos exercícios e a duração de cada sessão – os estudos incluíam sessões de 30 minutos ou até 120 minutos – não alteraram de forma significativa os resultados.

No entanto, a melhora foi menos expressiva quando as intervenções eram pouco ou muito frequentes, e também quando eram muito curtas ou longas demais. Isso sugere que parte dos benefícios obtidos com a atividade física tem a ver com o sentimento de realização que surge quando conseguimos completar uma meta desafiadora, mas alcançável.

Ênfase no exercício aeróbico

Os estudos envolviam diferentes programas de atividade física, como dança, natação, esportes, corrida, esteiras, elípticos e exercícios com videogame. O traço comum, porém, era a ênfase no exercício aeróbico.

A idade média dos participantes era de 14 anos e 47% deles eram meninos. Na maioria dos estudos, os jovens tinham sido escolhidos aleatoriamente e os resultados eram comparados com os de um grupo de controle.

Em um artigo que acompanhou o trabalho na Jama Pediatrics, um periódico da Associação Médica Americana, o pesquisador Eduardo Bustamente divulgou a seguinte conclusão:

A evidência de que a atividade física é um remédio eficaz para a saúde mental é robusta; agora precisamos encontrar maneiras de levar as pessoas a praticá-la”.

A depressão é o segundo transtorno mental mais prevalente entre crianças e adolescentes, com uma taxa de prevalência estimada de 6,2% globalmente. Já foi demonstrado que até 67% dos jovens com sintomas depressivos correm o risco de desenvolver transtornos depressivos ou de ansiedade com síndrome completa na idade adulta. 

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