Ser mais tolerante com as próprias falhas em um relacionamento romântico pode levar a uma vida a dois mais feliz. Isso é o que mostra um estudo recente realizado pelas universidades Otto Friedrich Bamberg e Martin Luther Halle-Wittenberg, na Alemanha, e publicado no periódico Personal Relationships.
O trabalho contou com entrevistas com um total de 209 casais. Os resultados mostram que todo mundo se beneficia da autocompaixão num relacionamento, especialmente os homens (quando suas parceiras sabem ser tolerante com suas próprias falhas).
Para os autores, a descoberta é extremamente útil, pois a autocompaixão é uma qualidade que pode ser desenvolvida.
"Autocompaixão é ter uma atitude carinhosa, gentil e atenciosa consigo mesmo, especialmente em relação às próprias falhas", descreve o autor principal do estudo, Robert Körner.
Descobrimos que a capacidade de reagir com compaixão diante das próprias inadequações, sofrimento e dor, no relacionamento, beneficia ambos os integrantes do casal. Dessa forma, a autocompaixão de um parceiro não apenas melhora sua própria felicidade, mas também a do parceiro."
No estudo, os homens em relacionamentos heterossexuais, em particular, mostraram um alto nível de satisfação no relacionamento quando suas parceiras demonstravam autocompaixão.
Outros estudos já indicaram que os níveis de autocompaixão podem afetar o bem-estar pessoal. Eles também podem influenciar como as pessoas vivenciam seus relacionamentos românticos, o quão satisfeitas estão com eles, e como interagem com os parceiros. Isso inclui, por exemplo, como resolvem conflitos ou lidam com ciúmes.
No estudo atual, os pesquisadores foram um passo além para obter uma compreensão mais profunda do potencial da autocompaixão para influenciar relacionamentos românticos. Até então, os trabalhos existentes eram focados apenas em uma pessoa, enquanto o atual demonstrou que o impacto também afeta o parceiro ou parceira.
Os pesquisadores utilizaram uma pesquisa abrangente para poder distinguir a autocompaixão ligada a questões de relacionamento daquela mais associada a questões de trabalho, por exemplo, que podem ter impactos diferentes.
Eles esperam que outras pesquisas sejam feitas com casais de outras orientações sexuais e de outros países e culturas, para verificar se os resultados permanecem válidos. Se isso ocorrer, a autocompaixão pode virar uma ferramente interessante para casais em conflito.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin