Cármen Guaresemin Publicado em 27/06/2022, às 10h00
Atualmente o câncer é considerado a segunda maior causa de morte no Brasil e no mundo, sendo que no primeiro lugar estão as doenças cardíacas. Segundo a Opas (Organização Panamericana de Saúde), cerca de um terço das mortes por câncer se devem aos cinco principais riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, em 2030, pode se esperar 27 milhões de novos casos de câncer e 75 milhões de pessoas vivendo com a doença.
Uma alimentação completa e segura é de extrema importância, pois pode ajudar a diminuir significativamente o risco de desenvolvimento do câncer. Entre os fatores determinantes nesse fator de proteção estão os denominados fatores modificáveis, que incluem a alimentação e o estilo de vida. Neste contexto, a nutrição e adesão de bons hábitos são consideradas fundamentais para prevenção e tratamento.
Não há especificamente um alimento que possa ser considerado “a cura” quando se trata de câncer, até mesmo por conta de suas variações, e possível evolução da doença em diversas partes do corpo, por meio de muitos fatores de risco relacionados. Mas alguns alimentos, dentro de uma dieta equilibrada, a prática de atividade física e hábitos de vida saudáveis atuam por meio de sua composição e benefícios nutricionais como anticancerígenos.
A seguir, confira dez alimentos que consumidos no dia a dia podem auxiliar na prevenção e no combate ao câncer:
O resveratrol – fitonutriente com propriedades antioxidantes que ajudam o corpo a se desintoxicar das moléculas nocivas, que causam doenças - contido nas uvas escuras, atua na inativação de genes ligados ao surgimento de alguns tipos de cânceres no organismo, como os da mucosa oral. Além disso, a uva é repleta de nutrientes como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, sódio e potássio, e uma quantidade razoável, mas significativa, de vitaminas do complexo B e vitamina C, e outros compostos bioativos como o ácido benzoico, ácido cinâmico, flavonoides, estilbenos, antocianinas e ácido fenólico. Quando consumida, a fruta fornece efeito protetor às células do organismo por meio de suas propriedades, auxilia na saúde óssea e bom funcionamento do intestino.
Importante aliado na prevenção e combate ao câncer, com destaque para o de próstata, por conter em sua composição um modulador fisiológico de ação antioxidante, o licopeno, que atua na proteção das moléculas contra carcinogênese. O licopeno está presente também nos alimentos naturais derivados de tomate e que possuem pigmentação avermelhada. Tomate também é rico em flavonoides e ácidos fenólicos compostos que influenciam na saúde da pele, prevenindo envelhecimento precoce e processos inflamatórios, tendo ação protetora quando consumido adequadamente contra o câncer de pele.
Dentre os fitoquímicos com efeitos anticarcinogênicos, temos a curcumina, um potente antioxidante, anti-inflamatório, antitumoral e anticancerígeno, que age na inibição e modulação das células, presente no açafrão-da-terra. Este alimento é conhecido e pesquisado pelas suas possíveis propriedades medicinais.
O Allium sativum é composto por alicina, responsável pela maioria das propriedades farmacológicas, anticancerígenas e antibióticas. Contém antioxidantes que ajudam os mecanismos de proteção do corpo contra danos oxidativos. O alho também age contra bactérias, fungos e vírus.
Fruta com uma grande diversidade de nutrientes e benefícios, possui em sua composição vitamina C, betacaroteno precursor da vitamina A, potássio, cálcio, magnésio e fibras. Auxilia na manutenção da imunidade e demonstra efeitos anticancerígenos. Seu consumo auxilia no bom funcionamento do intestino, saúde da pele e visão. Segundo estudos, as fibras presentes no mamão apresentaram poder de induzir a morte de células cancerígenas, inibir sua proliferação e diminuir a possibilidade de metástase em outras partes do corpo.
Abundante em vitamina C e licopeno, nutrientes que atuam como importantes antioxidantes e que previnem o envelhecimento precoce das células do corpo, regulam ações anti-inflamatórias e fortalecem o sistema imunológico. Estudos demonstraram que esses compostos presentes nas goiabas auxiliam no controle da proliferação de células cancerígenas em locais específicos, como no sangue e próstata.
Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, dentre eles peixes como sardinha e salmão, além de leguminosas, verduras verde-escuras, linhaça, chia, castanhas, nozes e óleos vegetais, atuam melhorando os mecanismos de defesa no funcionamento da barreira intestinal e na modulação da resposta inflamatória.
Incluir nas refeições alimentos ricos em quercetina, um tipo de flavonoide contido em vegetais como o brócolis, cebola e pimentão amarelo, também pode trazer efeitos preventivos na modulação genética de diversos tipos de cânceres, podendo desativar o surgimento da doença.
A couve, assim como a couve-flor, espinafre, salsa e outros vegetais ricos em sulfarofano, também pode trazer benefício na prevenção da formação de células cancerígenas no organismo, por sua ação antioxidante.
As isoflavonas presentes na soja, especificamente a genisteína e daidzeína, demonstram efeito protetor pelo seu efeito anticancerígeno, principalmente contra o câncer de mama.
Além dos alimentos que trazem benefícios, existem muitos que estão relacionados com o aumento do risco de alguns tipos de cânceres e, por isso, devem ser evitados. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) recomenda evitar o consumo de carnes processadas, como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru defumado, pois não há limite seguro de ingestão e existe relação desses produtos com câncer de intestino. Orienta também a não ultrapassar o consumo de mais de 500 gramas de carne vermelha por semana, pois estão relacionadas com o aumento do risco de câncer de intestino, pâncreas e próstata.
Alimentos preparados no carvão, como, por exemplo, o churrasco, e qualquer outro que fique no ponto bem passado formando uma crosta tostada, geram dois tipos de substâncias: as aminas policíclicas aromáticas (APA) e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) que aumentam o risco de alguns tipos de cânceres, portanto também devem ser evitados.
Para diminuir o risco de câncer é importante ter consciência sobre a importância dos cuidados contínuos com a saúde, de uma alimentação balanceada e equilibrada incluindo o consumo adequado de frutas e hortaliças, da prática regular de atividade física, evitar o tabagismo e excesso de álcool e também cuidar da saúde mental.
Fontes:
Camila Raymundo Farias, nutricionista da Clínica Escola de Nutrição da Universidade Cruzeiro do Sul Campus Anália Franco, pós-graduanda em Nutrição Clínica.
Isabella Aparecida Médice Urbano, nutricionista da Clínica Escola de Nutrição da Universidade Cruzeiro do Sul Campus São Miguel, pós-graduada em Saúde Pública e pós-graduanda em Nutrição Esportiva.
Leilane Giglio Canelhas de Abreu, nutricionista da Clínica Escola de Nutrição da Universidade Cruzeiro do Sul Campus Paulista, pós-graduada em Nutrição Clínica e residência em Nutrição Clínica em Cardiopneumologia.
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