Jairo Bouer Publicado em 15/11/2019, às 13h07 - Atualizado em 26/11/2019, às 18h06
Por mais difícil que seja sair da inércia e praticar uma atividade física quando se está deprimido ou ansioso, o esforço vale a pena. Dois estudos recentes reforçam a mensagem de que se movimentar com regularidade pode tanto evitar quanto trazer alívio para os sintomas desses transtornos. Segundo um deles, o exercício é eficaz até para quem tem propensão genética à depressão.
Já se sabe que o sedentarismo é um fator de risco para quadros depressivos. Mas ainda há dúvidas sobre até que ponto os exercícios podem beneficiar indivíduos com vulnerabilidade mais alta para desenvolver o transtorno. Algumas variações genéticas já foram associadas ao problema, e é comum que ele se manifeste em diferentes integrantes de uma mesma família.
Pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts e da Universidade da Califórnia, nos EUA, analisaram dados genéticos e estilos de vida de quase 8 mil pessoas para tirar essa dúvida. E os resultados foram positivos: embora algumas pessoas tenham, mesmo, uma propensão maior a ter sintomas depressivos do que outras, esse risco pode ser neutralizado se elas se mantiverem fisicamente ativas. A conclusão foi descrita no periódico Depression & Anxiety.
Alívio rápido
Outro trabalho publicado esta semana, embora pequeno, mostra que as posturas e os exercícios de respiração da ioga são capazes de reduzir bastante os sintomas de depressão e ansiedade, e em pouco tempo.
Um grupo de homens e mulheres diagnosticados foi submetido a diversas sessões de ioga ao longo de três meses. Metade acumulou 123 horas de prática, enquanto que a outra parte fez 87 horas. Depois de apenas um mês, ambos os grupos relataram alívio significativo nos sintomas dos transtornos, bem como melhora na qualidade do sono, positividade e calma.
Os benefícios da ioga se acumularam no final do estudo, e os participantes que praticaram por mais tempo foram os que tiveram melhores resultados. Para os autores, a modalidade não substitui o tratamento convencional (que envolve terapia e, às vezes, remédios), mas pode aumentar bastante as taxas de sucesso.
Como ter ânimo?
Claro que para sentir os efeitos dos exercícios é preciso praticar com regularidade e, para isso, é preciso gostar da atividade escolhida. Música, variedade e o acompanhamento de um profissional ajudam a quebrar a monotonia. Além disso, ter o suporte da família ou de algum amigo para vencer o desânimo pode ser necessário, inclusive para quem não sofre de depressão ou ansiedade.
Por último, não dá para culpar apenas os indivíduos pelo sedentarismo. Escolas, empregadores e governos devem incentivar a cultura do movimento, criando espaços e oportunidades para as pessoas se engajarem na prática de atividade física. Depressão e ansiedade são transtornos que geram custo para a sociedade como um todo.