Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h39 - Atualizado às 23h55
Um estudo mostra o que muitos pais de crianças com déficit de atenção e hiperatividade TDAH já percebem no dia a dia: que elas têm mais dificuldade em adormecer e têm um sono de pior qualidade em comparação com as que não apresentam o transtorno.
O trabalho, feito por pesquisadores das universidades de Aarhus e de Copenhague, na Dinamarca, contou com 76 crianças com TDAH com 9,5 anos de idade, em média, e um grupo-controle com 25 crianças sem o transtorno.Todas foram submetidas a exames de polissonografia, para medir a qualidade do sono, e também de latência, para avaliar quanto tempo demoravam para adormecer.
Além de confirmar que as crianças diagnosticadas com TDAH levaram mais tempo para conseguir dormir, os pesquisadores constataram que elas dormiram, em média, 45 minutos a menos em relação às outras, além de ter um sono mais agitado, ou seja, menos profundo.
É importante ressaltar que os exames de polissonografia foram feitos na casa dos participantes, e não em ambiente hospitalar, para evitar uma interferência maior no sono das crianças.
Como duas em cada três crianças com TDAH têm outros diagnósticos psiquiátricos em paralelo, que por sua vez também podem afetar o sono, os pesquisadores tomaram o cuidado de isolar esse fator ao olhar para os resultados.
A equipe também estudou os padrões de sono dos participantes durante sonecas à tarde. E, por incrível que pareça, as crianças com TDAH, nesse caso, dormiram mais rápido do que as outras. Para os autores, isso pode sugerir que a hiperatividade pode ser um mecanismo compensatório por não poder cochilar durante o dia.
O estudo, publicado no Journal of Sleep Research, pode resultar em tratamentos ou abordagens mais eficazes, no futuro, para as crianças que sofrem com o transtorno.