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Depressão e sedentarismo aumentaram no país com a pandemia

Houve redução no consumo de frutas, legumes e verduras e maior tempo gasto em frente às telas - iStock
Houve redução no consumo de frutas, legumes e verduras e maior tempo gasto em frente às telas - iStock

Redação Publicado em 27/04/2022, às 18h00

Os brasileiros têm consumido menos frutas, legumes e verduras, feito menos atividade física e sofrido mais com depressão desde que a pandemia de Covid-19 começou. Essas foram algumas conclusões do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia – Covitel.

O estudo contou com mais de 9 mil entrevistas feitas por telefone nas capitais e cidades do interior das cinco regiões do Brasil, sendo que 58,2% eram mulheres e 18,4% tinham 65 anos ou mais. Todos foram abordados em dois períodos: na pré-pandemia e no primeiro trimestre deste ano.

O estudo foi realizado pela Vital Strategies, uma organização global de saúde pública, e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com financiamento da Umane (associação sem fins lucrativos) e do Instituto Ibirapitanga (fundado pelo cineasta Walter Salles) e apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). 

Saúde "ruim" ou "muito ruim"

Veja, seguir, as principais informações levantadas sobre a saúde da população:

- Houve um aumento de 91,8% no número de brasileiros que avaliam negativamente seu estado de saúde, classificando-o como “ruim” ou “muito ruim”.

- Redução de 12,5% no consumo de legumes e verduras pela população em geral.

- A proporção de brasileiros que consomem frutas em cinco ou mais dias da semana caiu de 43% para 38,4%.

- Redução de 25,4% no consumo de refrigerantes e sucos artificiais, o que é positivo.

Mais sedentarismo e mais depressão

- Redução de 21,4% no número de brasileiros que pratica atividade física na quantidade  recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana. A proporção de pessoas que declarou não fazer exercício nem um dia da semana passou de 49,7% para 58,3%.

- A proporção de brasileiros que afirmou passar mais de cinco horas por dia nas telas (computador, redes sociais e distração) passou de 9,9% para 10,6%. E a proporção dos que relataram passar mais de cinco horas ao dia na frente da TV pulou de 8% para 10,2%.

- Aumento de 41% no diagnóstico médico de depressão (sendo que nas pessoas com maior escolaridade, o aumento foi de 53,8%). O transtorno foi citado por 13,5% dos entrevistados no começo deste ano, contra 9,6% na pré-pandemia.

- A proporção de brasileiros com hipertensão passou de 23,1% para 26,5%. E a de entrevistados com diabetes, de 7,8% para 9,3% no período analisado. Para os coordenadores do estudo, esse aumento pouco expressivo nos diagnósticos pode ser reflexo do menor acesso aos serviços de saúde no período.

Confira:

Desigualdades

O Covitel também constatou que a pandemia agravou as desigualdades, também no que se refere à saúde. Os brasileiros que perderam o trabalho durante a pandemia foi os que apresentaram os piores resultados em oito dos 12 indicadores avaliados.

Enquanto 94,4% das pessoas com maior escolaridade (12 anos ou mais de estudo) tinham completado o esquema vacinal da Covid no primeiro trimestre do ano, somente 76,9% daqueles com 0 a 8 anos de estudo tinham tomado todas as doses.

Abuso de álcool, sobrepeso e obesidade

Também houve perguntas relacionadas apenas aos hábitos e condições de saúde específicos do primeiro trimestre de 2022, sem comparação com o período pré-pandemia:

- 20,6% dos brasileiros reclararam ter abusado do álcool no mês anterior à pergunta (o que equivale a no mínimo quatro (para mulheres) ou cinco doses (para homens) por ocasião. Cada dose de álcool equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou 50 ml de bebida destilada. Quanto maior a escolaridade, maior o consumo abusivo.

- 52,6% das pessoas apresentaram excesso de peso, ou seja, índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 25 kg/m². E 21,7% apresentaram obesidade.

- 7,3% dos entrevistados declarou ter experimentado narguilé primeiro trimestre deste ano, e percentual semelhante relatou ter experimentado cigarro eletrônico. Já a proporção de tabagistas diminuiu de 14,7% para 12,2% da pré-pandemia para cá. 

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