Redação Publicado em 07/04/2022, às 13h00
A depressão pode ter uma variedade de efeitos em nossa vida cotidiana – incluindo como processamos e percebemos as cores. Ter depressão, ou experimentar sentimentos de ansiedade ou tristeza, pode mudar nossa percepção das cores. Pode nos fazer sentir como se estivéssemos vivendo no início em preto e branco do filme “O Mágico de Oz”, em vez do vibrante colorido que aparece "além do arco-íris" (em alusão à música tema do filme).
A depressão é uma condição grave de saúde mental que pode levar a sentimentos de tristeza, desesperança ou desinteresse pelas atividades habituais. Pode se manifestar de várias maneiras e pode causar sintomas mentais e físicos. Então, se você sente que passa mais tempo num filme preto e branco do que numa realidade colorida, você não está sozinho.
Uma percepção alterada da cor é apenas um dos sintomas físicos da depressão. Pesquisadores sugerem que seu humor pode afetar a forma como seus olhos processam as cores, tornando-as menos vibrantes ou dificultando a distinção entre tons contrastantes. Mas como nossa forma de sentir afeta a maneira como percebemos as cores? Para encontrar as respostas, entenda melhor como percebemos as cores e como, muitas vezes, as associamos às nossas diferentes emoções.
A percepção de cores é a maneira como nossos olhos processam as diferentes tonalidades. Isso inclui as respostas da nossa retina a cores contrastantes para formar a cor final que observamos. Defeitos físicos que afetam esse processo podem levar a condições como daltonismo.
Pesquisadores acreditam que a forma como percebemos as cores pode ser afetada por nossas emoções. Quando nos sentimos tristes ou chateados, nosso processo visual pode ser alterado. Isso pode fazer com que as cores ao nosso redor pareçam suaves ou menos distinguíveis. No entanto, essa pesquisa não é conclusiva e foi posteriormente retirada devido a erros nos resultados do estudo. Mais pesquisas são necessárias para confirmar se nossas emoções podem afetar a forma como vemos as cores.
O que vemos e como nos sentimos são duas coisas que costumam ser estudadas separadamente. Mas os pesquisadores querem saber mais sobre como nosso humor pode colorir a maneira como vemos o mundo. Uma revisão de 2011 descobriu que como nos sentimos pode afetar não apenas a forma como percebemos as cores, mas também pode alterar nossas percepções gerais do ambiente ao nosso redor.
Pessoas com depressão podem experimentar tons mais suaves ou menos vibrantes do que as pessoas consideradas neurotípicas. Mas existe uma razão científica real por trás disso?
De acordo com um estudo de 2010, existe. No estudo, 40 pacientes com depressão e 40 sem foram avaliados para ver se havia diferença na forma como cada grupo percebia fisicamente a cor. Daqueles com depressão, 20 estavam tomando medicamentos antidepressivos no momento em que o estudo foi realizado, enquanto os 20 restantes não estavam.
Usando uma técnica chamada eletrorretinograma padrão, os pesquisadores conseguiram medir como cada participante era capaz de perceber fisicamente o contraste. O estudo descobriu que aqueles com depressão tiveram uma resposta na retina significativamente menor, o que levou à incapacidade de ver com precisão os contrastes em preto e branco. Isso afetou os pacientes que estavam tomando medicamentos, bem como aqueles que não estavam.
Os resultados também revelaram que a gravidade da depressão afetou a quantidade de contraste de cores que um paciente era capaz de ver. Quanto mais grave a depressão, menos sensíveis eles eram ao contraste entre as cores. Um estudo de 2015 amplamente citado também sugere que sentimentos de tristeza podem afetar nossa capacidade de identificar com precisão as cores no eixo azul-amarelo. No entanto, os pesquisadores posteriormente retiraram seu estudo, compartilhando que, embora ainda permanecessem com suas descobertas, havia erros nos métodos usados.
Outra maneira pela qual o humor e a depressão já foram associados à cor foi usando o Manchester Color Wheel – uma ferramenta simples que mostra uma série de cores e tons diferentes. Em um estudo de 2010, esta roda de cores foi usada para avaliar a saúde geral e o humor de um grupo de participantes.
Eles foram solicitados a identificar em quais cores foram atraídos durante uma série de perguntas. Os pesquisadores descobriram que tons brilhantes e amarelos estavam mais associados a humores mais positivos, enquanto tons de cinza estavam ligados a sentimentos de depressão ou ansiedade. Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas, parece haver uma ligação entre como nos sentimos e como percebemos as cores.
Às vezes usamos cores para dar uma noção de como estamos nos sentindo. Tons mais quentes – particularmente amarelos e laranjas – são geralmente considerados cores “mais alegres”, enquanto tons mais frios são mais frequentemente ligados a sentimentos de tristeza ou angústia.
Azuis mais escuros são mais frequentemente associados à melancolia, daí o termo comum em inglês “feeling blue (sentir-se azul, em tradução livre, mas usada como 'sentindo-se triste')”. Por outro lado, tons mais claros de azul são geralmente considerados relaxantes e, com frequência, são usados para tratar a depressão durante sessões de cromoterapia.
A cromoterapia é um tratamento alternativo que usa cor e luz colorida como tratamento para certas condições de saúde mental e física, incluindo depressão, ansiedade, pressão alta, distúrbios do sono e alguns tipos de câncer. Os terapeutas usam os comprimentos de onda e frequências únicas das cores para estimular uma resposta em seus pacientes. Cores diferentes podem trazer respostas diferentes. O azul é frequentemente a cor mais usada para tratar a depressão.
Mais estudos são necessários para entender completamente e apoiar a eficácia da cromoterapia, mas a pesquisa atual é promissora. Um estudo de 2015 descobriu que a cromoterapia teve um efeito positivo na depressão, estresse, pressão alta e certos tipos de câncer e doenças da pele. Outro estudo mais recente, que se concentrou no uso da cromoterapia para tratar a ansiedade, também teve resultados positivos.
As cores são frequentemente associadas a como ou o que estamos sentindo. Podemos pensar em cores vivas e quentes durante os momentos felizes e tons mais escuros e frios quando nos sentimos deprimidos. Quando você está vivendo com depressão, no entanto, pode parecer que as cores em geral parecem menos vibrantes ou até mesmo difíceis de distinguir umas das outras.
Pesquisas sugerem que pode haver razões biológicas para as cores parecerem diferentes quando você está sofrendo de depressão. A depressão pode afetar sua visão, causando uma resposta mais lenta na retina, dificultando a visão precisa de cores ou tons contrastantes.
Fonte: PsychCentral