Pesquisadores também descobriram que a insônia pode piorar a dor no período menstrual
Tatiana Pronin Publicado em 27/11/2024, às 14h00
As mulheres têm duas vezes mais chances do que os homens de sofrer de depressão e, com frequência, apresentam sintomas físicos mais graves. Essa diferença de gênero é bastante evidente durante os anos reprodutivos e impacta a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
No entanto, embora tenham sido identificadas conexões entre saúde mental e saúde reprodutiva, essas associações ainda são pouco exploradas pela ciência.
Mas um estudo que acaba de ser publicado revela pelo menos um aspecto dessa ligação: Segundo pesquisadores, a depressão pode aumentar as chances de uma pessoa sofrer com dores menstruais fortes (dismenorreia).
A pesquisa, publicada no periódico Briefings in Bioinformatics, foi feita por cientistas britânicos e chineses, das universidades de Liverpool (no Reino Unido) e Xi’an Jiaotong-Liverpool (na China).
A equipe utilizou uma técnica chamada randomização mendeliana para analisar variações genéticas e identificar genes específicos que podem mediar o efeito da depressão na dor menstrual ou vice-versa.
“Nossos resultados fornecem evidências preliminares de que a depressão pode ser uma causa, e não uma consequência, da dismenorreia, já que não encontramos evidências de que a dor menstrual aumente o risco de depressão”, afirmou Shuhe Liu, autor principal do estudo.
A equipe analisou cerca de 600 mil casos provenientes de populações europeias e 8.000 de populações do leste asiático e encontrou uma forte ligação em ambos os conjuntos de dados.
Os pesquisadores também investigaram a possibilidade de que a insônia, frequentemente vivenciada por pessoas com depressão, fosse um mediador significativo entre depressão e dismenorreia.
“Descobrimos que o aumento de distúrbios do sono pode agravar a dor menstrual. Abordar problemas de sono pode, portanto, ser crucial para o manejo de ambas as condições. No entanto, mais pesquisas são necessárias para compreender os vínculos complexos entre esses fatores”, disse Liu.
Este estudo destaca ainda mais a necessidade de uma abordagem holística no tratamento de questões de saúde mental e reprodutiva. Como destacou o autor:
"Os transtornos mentais muitas vezes não são considerados no tratamento de condições como a dor menstrual. Nossos resultados enfatizam a importância da triagem de saúde mental para pessoas que sofrem de dores menstruais severas. Esperamos que isso possa levar a opções de tratamento mais personalizadas, melhorias nos cuidados de saúde e a uma redução do estigma em torno dessas condições."
Os resultados trazem novas evidências de que existe um vínculo entre nosso sistema neurológico e o resto do corpo. Ao explorar e entender melhor essas relações, é possível que, no futuro, a ciência possa ajudar as milhões de pessoas que sofrem de dor menstrual e problemas de saúde mental.
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