O chocolate, principal produto originário do cacau, interfere na saúde positiva e negativamente
Redação Publicado em 26/03/2022, às 12h00
Em 26 de março é comemorado o Dia do Cacau. Originalmente, a data foi criada para promover um debate sobre como proteger os cacaueiros baianos e capixabas, mas também serve para refletirmos sobre como o chocolate, principal produto originário do cacau, interfere na nossa saúde, principalmente em relação a doenças do coração. Com origem na América do Sul, principalmente no Brasil, o cacau serve como base para diversos produtos, como manteiga, cacau em pó, chocolate em pó, nibs, chocolate ao leite, entre outros.
Em 2019 foi publicada no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), uma pesquisa que associou o consumo de chocolate a uma menor taxa de hipertensão e diabetes, fatores de risco para doenças cardiovasculares. Chocolates são ricos em flavonoides, que têm efeito anti-inflamatório e antioxidante, ou seja, protegem as células contra os efeitos dos radicais livres produzidos pelo organismo. O consumo também aumenta a função do óxido nítrico no corpo, que reduz a pressão arterial e aumenta o fluxo vascular.
Claudio Tinoco Mesquita, editor-chefe do IJCS (SBC), professor associado de Medicina da Universidade Federal Fluminense e coordenador do setor de Medicina Nuclear do Hospital Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro explica que tudo isso contribui para evitar a aterosclerose, que é a inflamação causada pelo acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas.
Como tudo não tem apenas um lado bom, o grande problema do chocolate são as calorias, pois, para algumas versões serem mais palatáveis, são acrescentados açúcar, leite e gordura, podendo levar à obesidade se consumido em excesso, ampliando as chances de doenças do coração. O mais adequado para reduzir os riscos é ingerir 45 gramas por semana, segundo artigo publicado no British Medical Journal, que avaliou 14 publicações sobre o assunto e estipulou uma meta válida, equilibrando benefício e quantidade.
O cacau carrega a fama de ser um grande aliado no combate ao mau humor, oferecendo sensação de bem-estar. Isso porque contém um aminoácido chamado triptofano, que é responsável pela produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar, e ainda é fonte de dopamina, que auxilia em uma maior sensação de prazer. O triptofano também ajuda na saúde feminina, prevenindo corrimentos, auxiliando no aumento da lubrificação íntima e combatendo os sintomas da TPM.
Algumas substâncias, como o retinol, ácido ascórbico e vitaminas do complexo B, estão presentes no cacau, por isso o alimento é utilizado em máscaras que promovem a hidratação e a oxigenação da pele. O ácido ascórbico auxilia na eliminação das células mortas e suaviza as linhas finas por meio da esfoliação e os antioxidantes ajudam a retardar o processo de envelhecimento da pele.
O chocolate também estimula a produção de um tipo de glóbulo branco, os linfócitos, que agem no sistema imunológico humano, defendendo o organismo contra vírus e bactérias. Já os flavonoides também auxiliam na prevenção de patologias, como a demência, pois a doença está relacionada a um fluxo menor de sangue ao cérebro. Já o fitonutriente trabalha justamente aumentando a circulação sanguínea e de oxigênio nessa área. A dopamina presente no cacau também atua no controle do movimento e da memória, já a feniletilamina age no sistema nervoso central, por isso o chocolate é associado a um melhor desempenho cognitivo.
Estudos também mostram que quanto maior é o percentual de cacau, maiores são os benefícios. Portanto, o mais saudável é a versão mais escura e amarga possível. Já o branco tem mais gordura e o amargo possui menos açúcar. Porém, segundo o médico, nenhum deles precisa ser evitado, mas consumido com parcimônia.
Uma dica é olhar a embalagem e o rótulo do produto na hora da compra, atentando à quantidade mínima de cacau e tomando cuidado com os falsos chocolates. Sim, isso acontece, pois um a cada três “chocolates” vendidos no Brasil não possui o percentual mínimo de cacau exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é de pelo menos 25%. Muitos não chegam sequer a 5%.
Outra questão que merece atenção são os chocolates light e diet. Um produto light tem 25% menos nutrientes, já o diet não tem nenhum nutriente. O médico alerta que um ovo de páscoa diet, por exemplo, não contém açúcar, mas pode possuir muita gordura. Também não é recomendado o consumo regular de achocolatados, pois têm uma alta quantidade de calorias.
O ideal é optar por versões com um percentual de cacau maior, pois, quanto mais elevada for a quantidade do fruto, maior será o potencial nutritivo do alimento. Não adianta consumir um chocolate rico em açúcar, pois isso vai gerar um pico de açúcar no sangue e, logo, do hormônio insulina, gerando mais fome, compulsão e aumento da gordura corporal.
Veja os diferentes tipos de chocolate e suas características:
Se o desejo é por chocolate, o mais saudável, de acordo com Mesquita, é optar por uma barrinha pequena. Como em outras coisas na vida, a moderação parece ser a melhor opção.
Fontes: Nature Center e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
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