Você já deve ter sentido o quão reconfortante é receber o abraço de um amigo, ou uma massagem na nuca quando você está estressado. Mas será que o toque pode realmente ajudar uma pessoa a se sentir melhor, e importa quem toca ou como é esse toque?
Para explorar estas questões, investigadores do Social Brain Lab do Instituto Holandês de Neurociências e do Hospital Universitário de Essen, na Alemanha, conduziram uma análise em larga escala de estudos que exploram os efeitos de intervenções táteis. Os resultados foram publicados no periódico Nature Human Behaviour.
Os estudos individuais muitas vezes concentram-se apenas em casos específicos e têm resultados contraditórios. Já a combinação de todos esses estudos para uma análise em larga escala oferece uma resposta mais clara: sim, o toque melhora substancialmente o bem-estar físico e mental.
Entre os principais benefícios do toque consensual estão a redução redução da dor, ansiedade, depressão e estresse em adultos.
Mas, na verdade, pessoas com problemas de saúde física ou mental (e, portanto, mais necessitados de apoio) beneficiam-se ainda mais do toque do que os adultos saudáveis. “Isso é especialmente relevante considerando a frequência com que as intervenções de toque são negligenciadas”, comenta Julian Packheiser, primeiro autor do estudo.
O estudo mostra claramente que o toque pode realmente ser otimizado, mas os fatores mais importantes não são necessariamente aqueles de que os pesquisadores suspeitavam.
Segundo a análise, a pessoa que toca em você, como ela toca e a duração do toque não faz muita diferença em termos de impacto. Uma massagem duradoura feita por um terapeuta pode, portanto, ser tão eficaz quanto um abraço rápido oferecido por um amigo. Pelo menos até que a frequência da intervenção seja considerada. Quanto mais frequentemente uma intervenção por toque for oferecida, maior será o impacto. Um abraço rápido pode, portanto, ser ainda mais impactante do que uma massagem se for oferecido com mais frequência.
Outra questão era se a intervenção por toque precisa ser humana. E os resultados indicam que intervenções com objetos ou robôs podem ser igualmente eficazes na melhoria do bem-estar físico. “Há muitas pessoas que precisam de melhorias no bem-estar, talvez porque se sintam solitárias, mas também porque podem ser afetadas por problemas clínicos. Estes resultados indicam que um robô de toque, ou mesmo um simples cobertor com peso, tem potencial para ajudar essas pessoas”, explica outro autor, o pesquisador Frédéric Michon.
No entanto, os benefícios das intervenções com robôs e objetos são menos eficazes para o bem-estar mental. Distúrbios de saúde mental como ansiedade ou depressão podem, portanto, exigir o toque humano, talvez pelo componente emocional associado ao toque.
Embora os investigadores estivessem igualmente curiosos sobre o contato entre humanos e animais, ainda faltam estudos que explorem esta questão. “Seria útil ver se o toque de um animal ou animal de estimação poderia melhorar o bem-estar e, inversamente, se eles também se beneficiam dele, mas infelizmente simplesmente não existem estudos suficientes, ou estudos devidamente controlados, para que possamos tirar quaisquer conclusões gerais sobre estes tópicos”, esclarece Michon.
Quando a equipe analisou o impacto do toque nos recém-nascidos, descobriu que eles também se beneficiavam significativamente. No entanto, nesse caso a pessoa foi mais importante: os benefícios do toque são maiores quando realizado por um dos pais, quando comparado a um profissional de saúde. Essa descoberta pode ser importante até para reduzir taxas de mortalidade entre prematuros.
Devido à falta de estudos, foi difícil tirar conclusões sobre crianças e adolescentes. “Estudos em grande escala como este ajudam-nos a tirar conclusões mais gerais, mas também nos ajudam a identificar onde falta investigação”, explica Michon.
“Esperamos que nossas descobertas possam orientar pesquisas futuras para explorar questões menos conhecidas. Isto inclui o toque animal, mas também o toque através das idades e em ambientes clínicos específicos, como pacientes autistas, outra categoria que não foi explorada extensivamente.”
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin