Redação Publicado em 20/02/2021, às 12h00
Um estudo realizado com camundongos e publicado no Journal of Experimental Biology mostrou que os alimentos ingeridos por uma criança podem afetá-la para o resto da vida.
O autor do estudo, Theodore Garland, explica que apesar de ter realizado a pesquisa em cobaias, o efeito observado é o mesmo em crianças que se alimentam com gordura e açúcar. Segundo ele, essa dieta altera o microbioma intestinal e, mesmo que mais tarde a pessoa se alimente de forma mais saudável, as mudanças continuam lá por até seis anos após a puberdade.
Esse é o nome dado para o conjunto de bactérias, fungos e outros micro-organismos que vivem em nosso corpo. Eles são essenciais para manter o sistema imunológico saudável e o corpo funcionando em bom estado. Porém, segundo o estudo, a partir de uma dieta não balanceada, isso pode ser afetado e perdurar dessa forma por muitos anos.
Os cientistas separaram os camundongos em quatro grupos: um com dieta saudável, outro com uma menos saudável, um com acesso à roda de exercícios e outro sem nenhum tipo de equipamento para atividades físicas.
Depois de três semanas nesse ritmo, os quatro grupos retornaram para uma dieta padrão e sem nenhum tipo de exercício, voltando a viver como costumavam antes da pesquisa. Depois de 14 anos, os cientistas analisaram a microbiota dos animais e descobriram que aqueles expostos à dieta insalubre tinham um número de determinada bactéria bem reduzido em comparação com os outros grupos.
Além disso, os ratos que foram alimentados com uma dieta padrão e tiveram acesso à roda de exercícios apresentaram um aumento no número de bactérias Muribaculum intestinale (importante para o metabolismo de carboidratos). Porém, os que seguiram uma dieta gordurosa não experimentaram esse aumento, independente de terem ou não se exercitado.
Dessa forma, os cientistas concluem que a alimentação que uma pessoa segue na infância pode ter impactos na vida adulta, e esses efeitos podem ser até mais duradouros que o gerado pela prática de exercícios.