"Superestimulação" é o termo usado para explicar a sensação de excitação excessiva
Redação Publicado em 30/05/2024, às 09h00
Para muita gente, trabalhar ou estudar em locais barulhentos, cheio de gente ou até com excesso de objetos de decoração pode ser um verdadeiro tormento. "Superestimulação" é o termo usado para explicar a sensação de excitação excessiva na mente ou no corpo que pode ocorrer, especialmente para pessoas sensíveis, devido ao impacto do ambiente sobre elas.
Para especialistas, há pessoas mais sensíveis ao excesso de estímulos devido a um problema no processamento sensorial – ou seja, dificuldade em lidar ou processar informações que seus sentidos captam (som, visão, paladar, tato e olfato), de acordo com o Child Mind Institute - organização sem fins lucrativos independente dedicada a crianças e famílias que lutam com saúde mental e distúrbios de aprendizagem nos Estados Unidos.
A superestimulação não é um diagnóstico por si só, e pode fazer parte da vida de qualquer pessoa, mas também pode ser um sintoma que acompanha certas condições, como ansiedade, TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), autismo e outras.
Para algumas pessoas com ansiedade, a superestimulação pode fazê-las se sentirem em pânico. Pessoas com TDAH também podem ser mais suscetíveis a sentimentos de superestimulação, pois tendem a já ter problemas para focar a atenção no trabalho ou nos estudos. Informações sensoriais adicionais podem competir pela atenção do cérebro, tornando-os mais suscetíveis a serem superestimulados.
Aqueles que estão no espectro autista também podem estar em maior risco de superestimulação, pois experimentam estímulos sensoriais de forma diferente daquelas que não têm a condição. Como resultado, essas pessoas costumam ter um limiar mais baixo para estímulos diversos, então suas reações podem ser mais severas nessas situações, em comparação com quem não está no espectro.
Basicamente qualquer lugar ou situação em que haja excesso de estímulos sensoriais (ruído, cheiros, luzes, muita gente etc) ao mesmo tempo pode fazer as pessoas se sentirem superestimuladas. Alguns locais específicos podem ser mais propícios a causar superestimulação, como certos tipos de escritório ou ambientes com pé direito baixo.
Além disso, a quantidade de informações que as pessoas precisam processar e filtrar – seja por e-mail, aplicativos de celular ou texto –, todos esses diferentes métodos de comunicação ativos ao mesmo tempo contribuem para a superestimulação. Sentir que é impossível priorizar todas as informações é um sintoma da superestimulação. Existem vários ambientes nos quais as pessoas podem se sentir superestimuladas, como escola, shows, festas e reuniões sociais, parques de diversões, etc.
Essencialmente, quando a mente é forçada a receber muita informação, isso pode afetar uma pessoa de maneira muito real. Quando o cérebro fica excessivamente estimulado devido a um ou mais dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), nosso processo de tomada de decisão e ações subsequentes podem não ser ideais. Podemos ficar severamente agitados ou até mesmo agressivos.
Diante do excesso de estímulos, as pessoas costumam dizer que estão sobrecarregadas, em pânico, ansiosas, desconfortáveis, agitadas ou inquietas. A superestimulação também pode fazer com que uma pessoa se sinta tão sobrecarregada, que ela pode se desligar de tudo, parecendo não responder aos outros, ou tornando-se arredia.
A distinção entre superestimulação e outros estados que as pessoas podem experimentar, como sentir-se sobrecarregada, em pânico ou agitada, se resume ao ambiente. Quando você se afasta de um ambiente que o deixa superestimulado, essas sensações devem melhorar.
Veja algumas dicas para ajudar a lidar com a sensação de superestimulação:
1) Tente limitar o número de interações que faz em um dia (por exemplo: evite agendar jantar com amigos em dias com várias reuniões).
2) Configure seu espaço de trabalho ou de estudo de uma "maneira relaxante". Isso pode significar arrumar a desordem em sua mesa, ouvir música calma ou tranquila, melhorar a iluminação e até usar fones de ouvido com cancelamento de ruído.
3) Não tenha medo de se afastar de uma situação desencadeante. De repente, parece que todos estão falando na reunião ao mesmo tempo? Saia para tomar uma água e tentar encontrar um pouco de calma.
4) Seja em uma situação de trabalho ou social, procure comunicar seus limites. Por exemplo, se você está lutando para se concentrar no trabalho devido à superestimulação, uma conversa com seu superior pode ser útil. Aborde-o com um argumento claro sobre como a superestimulação pode afetar o desempenho das pessoas. Da mesma forma, ser aberto com seus amigos sobre seus gatilhos pode promover uma conversa sobre atividades que vocês podem fazer juntos que não o deixarão sobrecarregado.
Quando se trata de combater a superestimulação, talvez seja necessário ser criativo e tentar algumas táticas para ver o que funciona – não apenas para você, mas também dentro da cultura do ambiente.
Pessoas com TDAH sofrem mais de solidão, diz estudo
TDAH no adulto: veja dicas para lidar com a condição
Estresse e sobrecarga demais? Uma medida simples pode ajudar
Minha filha de 17 meses ainda não fala; pode ser autismo?