Cerca de 40% das pessoas que sofrem de depressão fumam - proporção bem mais alta que a encontrada na população geral
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h17 - Atualizado às 23h57
Pessoas com depressão precisam sair para fumar um cigarro com frequência duas vezes maior que os fumantes sem transtorno de humor. E quem tem muita dificuldade de largar o fumo pode estar deprimido e não saber. Essas são algumas das conclusões publicadas em um artigo na revista Nicotine & Tobbacco Research.
Cerca de 40% das pessoas que sofrem de depressão fumam – proporção bem mais alta que a encontrada na população em geral. Para se ter uma ideia, cerca de 15% da população, no Brasil, tem o hábito. Pesquisadores da Universidade de Concordia, no Canadá, e de Montpellier, na França, decidiram investigar o que está por trás dessa porcentagem mais elevada.
Quem sofre com transtornos mentais tem mais dificuldade de resistir ao vício, não importa a quantidade de tentativas. A ansiedade, a compulsão ou a falta de sono são alguns fatores que tornam a tarefa mais difícil.
No entanto, o estudo mostrou que existe uma solução simples e eficaz para essa desvantagem: um pouco de exercício a mais na rotina. Após 18 meses de experimentos, os pesquisadores descobriram que atividades simples, como caminhadas regulares, são capazes de controlar os sintomas de abstinência, ainda que não resolvam o problema da depressão.
Os pesquisadores acreditam que os médicos devem se lembrar sempre de prescrever exercícios físicos para pacientes com depressão que planejam parar de fumar. E eles acrescentam que é preciso considerar o transtorno em pacientes que não conseguem abandonar o cigarro. Eles podem sofrer de depressão e não ter recebido o diagnóstico.
Eles admitem, no entanto, que são necessárias evidências mais fortes para motivar políticas públicas, já que ainda existe um certo ceticismo sobre os efeitos da atividade física entre os médicos.