Algumas pessoas com diabetes tipo 2 deveriam limitar os carboidratos e aumentar a ingestão de vegetais
Redação Publicado em 25/11/2022, às 12h00
Um estudo recente, feito por cientistas norte-americanos e publicado no Journal of Medicinal Food, explora como as dietas de batata e feijão podem ajudar pessoas resistentes à insulina. Os pesquisadores descobriram que os participantes que consumiam uma dieta rica em feijão e batata experimentaram perda de peso e redução da resistência à insulina. É importante notar que o estudo recebeu financiamento da Alliance for Potato Research and Education, uma organização sem fins lucrativos e dedicada a expandir e traduzir pesquisas científicas em políticas baseadas em evidências e iniciativas educacionais que reconhecem o papel de todas as formas de batata na promoção da saúde.
A dieta é um componente essencial da saúde, principalmente para pessoas com diabetes ou que correm maior risco de desenvolver a doença. Pesquisadores estão constantemente examinando como as escolhas alimentares podem impactar as pessoas neste grupo demográfico. Diabetes tipo 2 é uma condição crônica em que o corpo não responde normalmente à insulina, um componente crítico que permite que as células do corpo usem glicose como energia.
Pessoas com risco de diabetes e com diabetes tipo 2 podem seguir planos alimentares que as ajudem a controlar a doença e melhorar o bem-estar físico. Cada pessoa terá necessidades ligeiramente diferentes, mas organizações como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos oferecem algumas recomendações gerais. Por exemplo, quem tem diabetes tipo 2 deve limitar os carboidratos e aumentar a ingestão de vegetais sem amido. Já os vegetais ricos em amido, como feijão e batata, contêm carboidratos, mas isso não significa que diabéticos ou pessoas com resistência à insulina devam eliminá-los completamente da dieta.
A nutricionista Yelena Wheeler, que não participou do estudo, explicou ao Medical News Today que batatas e feijões não são ‘alimentos ruins’ quando se trata de controle de glicose. No entanto, as preparações desses alimentos podem determinar o quão benéficos ou prejudiciais eles podem ser para o controle da glicose. “Além disso, nem todas as batatas são cultivadas iguais. A batata-doce e o inhame assados com casca podem, de fato, ser ótimos complementos para uma dieta bem balanceada por fornecerem alto teor de fibras”, disse ela.
O conteúdo de fibra contribui para a saciedade e controle do açúcar no sangue. Isso, por sua vez, pode diminuir a dependência de insulina de uma pessoa com diabetes tipo 2 e, portanto, também pode melhorar a manutenção do peso e até a perda de peso.
Este, em particular foi um estudo randomizado de equivalência alimentar que incluiu 36 participantes adultos com resistência à insulina. Os pesquisadores compararam duas dietas: uma rica em batatas e outra em leguminosas (feijão e ervilha) e o impacto delas no controle da glicose no sangue. Os participantes consumiram uma das duas dietas controladas por oito semanas com acompanhamento regular.
Kristian Morey, nutricionista clínica do programa de Educação em Nutrição e Diabetes do Mercy Medical Center em Baltimore, que também não esteve envolvida no estudo, falou ao MNT: “Um detalhe interessante que mencionam no estudo é que eles cozinhavam e resfriavam as batatas antes de servi-las aos participantes. Este processo pode fazer com que parte do amido contido na batata seja digerido mais lentamente do que antes, e isso pode melhorar a sensibilidade à insulina e a tolerância à glicose ao consumir esse tipo de alimento.”
“Também é importante observar que eles consumiram outros alimentos – como os protéicos – com as batatas, o que também pode melhorar a resposta glicêmica”, acrescentou ela. No geral, os pesquisadores descobriram que os participantes de ambas as dietas não observaram uma queda significativa nos níveis de glicose no sangue. No entanto, ambos os grupos experimentaram perda de peso e redução da resistência à insulina.
Amy Kimberlain, nutricionista registrada e porta-voz da Academy of Nutrition and Dietetics Media, que também não esteve envolvida no estudo, disse ao MNT: “Este estudo ajudou a mostrar que a utilização de alimentos que reduzem a densidade energética da dieta não apenas permite uma melhor resposta insulinêmica, mas também ajuda a promover a perda de peso. Além disso, este estudo ajuda a continuar a conversa de que podemos melhorar diferentes fatores de risco nas pessoas fazendo mudanças nas dietas (padrões alimentares), mas continuando a comer alimentos de que gostamos”.
O estudo teve várias limitações. Primeiro, incluiu um pequeno tamanho de amostra, para que estudos futuros possam incluir mais participantes. A maioria dos participantes era do sexo feminino, indicando que um acompanhamento mais diversificado também pode ser necessário. Também durou apenas oito semanas, portanto, mais estudos de longo prazo são indispensáveis para observar os resultados.
Os pesquisadores observaram que as diferenças entre as linhas de base do Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes e os níveis de insulina em jejum afetaram os resultados do estudo. Houve também algumas dificuldades na conclusão do estudo devido à pandemia de Covid-19. Amy também observou que os pesquisadores tinham controle rígido sobre a preparação dos alimentos, mas que levar isso à prática da vida real poderia ser mais difícil.
“Essas refeições eram preparadas para as pessoas em uma cozinha metabólica, ou seja, a capacidade de confirmar o que as pessoas estavam comendo (calorias/conteúdo/etc.) estava lá. E enquanto este é um estudo e eles usaram isso para ter a capacidade de confirmar a ingestão, para verificar e/ou ver se isso é eficaz a longo prazo com as pessoas, seria importante que elas pudessem fazer isso por si próprias (depois de receber instruções sobre como preparar os exemplos de refeições que receberam)”, disse ela.
No geral, o estudo demonstra que a preparação e as escolhas alimentares são componentes essenciais do controle do diabetes. Porém, mais pesquisas são necessárias para confirmar como vegetais ricos em amido, como feijão e batata, podem contribuir para dietas saudáveis para pessoas em risco de diabetes tipo 2.
Fonte: Medical News Today
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