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"FoMO" no ambiente de trabalho ameaça a saúde mental

O ambiente de trabalho digital também tem impacto no bem-estar e na produtividade - iStock
O ambiente de trabalho digital também tem impacto no bem-estar e na produtividade - iStock

O medo de perder algo (FoMO, do inglês “Fear of Missing Out”) é um fator de risco chave para a saúde mental dos trabalhadores e, junto com a sobrecarga de informações, pode aumentar o risco de burnout. É o que mostra um estudo da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

Pesquisadores analisaram dados de uma pesquisa com 142 funcionários para investigar o "lado sombrio" do trabalho digital e descobriram que os funcionários que estão preocupados em perder informações e são sobrecarregados por elas têm maior probabilidade de sofrer estresse e burnout. Os resultados foram publicados no periódico SAGE Open.

Impacto negativo do trabalho híbrido

Elizabeth Marsh, estudante de doutorado na Escola de Psicologia que liderou o estudo quantitativo, diz que o ambiente de trabalho digital agora é reconhecido como um ativo estratégico chave nas organizações, que possibilita a produtividade e a flexibilidade dos trabalhadores no contexto do trabalho híbrido.

"No entanto, os possíveis impactos negativos no bem-estar dos trabalhadores também precisam ser considerados, especialmente dado o aumento das ferramentas e canais de comunicação digital desde a Covid."

É preciso se proteger da sobrecarga

O resultado vem ao encontro de trabalhos anteriores que revelaram que os funcionários com maior atenção plena no ambiente de trabalho digital estão melhor protegidos contra o estresse, a ansiedade e a sobrecarga mental.

Na pesquisa, o FoMO é definido como a ansiedade por perder tanto informações e atualizações importantes quanto oportunidades de relacionamentos e interações.

O FoMO é, há muito tempo, um termo usado em relação às redes sociais, e agora esta nova pesquisa mostra que é um efeito que também invadiu os ambientes de trabalho.

Relação com o ambiente de trabalho digital

Os participantes do estudo foram questionados sobre suas experiências com os efeitos do lado sombrio do ambiente de trabalho digital, que foram identificados como: estresse, sobrecarga, ansiedade e medo de perder algo, e como esses fatores afetaram seu bem-estar.

Os resultados mostraram que, entre os efeitos do lado sombrio, aqueles relacionados à informação — tanto a sensação de sobrecarga quanto o medo de perdê-la — se mostraram particularmente prejudiciais ao bem-estar, tanto diretamente quanto por elevarem o estresse geral relacionado ao trabalho digital.

Elizabeth acrescenta:

 O excesso de informações fluindo por canais como e-mail, intranet ou ferramentas de colaboração pode levar os trabalhadores a se preocuparem em perder algo, assim como sucumbirem à sobrecarga ao tentar acompanhar.”

Para ajudar as pessoas a lidarem com o excesso de informações, ela diz que é necessário um processo de gestão e de alfabetização. Em outras palavras, é preciso ajudar os trabalhadores a dar prioridade ao que é importante.

RH precisa se mexer

A pesquisa faz algumas sugestões práticas para os empregadores, como investir em práticas para otimizar a quantidade e o fluxo de informações para os funcionários.

As descobertas também podem ser usadas pelos departamentos de RH para considerar políticas e opções de treinamento que apoiem os usuários finais do ambiente de trabalho digital a acessar, gerenciar e consumir informações de uma maneira que seja favorável ao bem-estar, bem como à produtividade.

Levar em conta o ambiente de trabalho digital é algo essencial para garantir a produtividade dos funcionários, bem como sua saúde mental. E está na hora de as empresas se mexerem em relação a isso.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin