“DASH” é a sigla em inglês de “Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão”
Redação Publicado em 14/09/2022, às 13h00
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estimativa que em todo o mundo 1,28 bilhão de adultos com idades entre 30 e 79 anos têm pressão alta ou hipertensão. Dois terços deles vivem em países de baixa e média renda. A hipertensão pode ser uma condição mortal, causando 7,5 milhões de óbitos anualmente.
Pesquisas anteriores identificaram várias mudanças no estilo de vida que podem reduzir a pressão arterial de uma pessoa, incluindo mudanças na dieta, exercícios regulares e redução da ingestão de álcool. Novo relatório descobriu que, para pessoas nos estágios iniciais da hipertensão, a dieta – e uma em particular – se destaca como sendo o meio mais eficaz de manter a pressão arterial saudável. O relatório foi apresentado no início de setembro nas Sessões Científicas de Hipertensão 2022 da Associação Americana do Coração em San Diego.
De acordo com a estimativa do novo relatório, a dieta Dash poderia evitar mais de 15.000 eventos de doenças cardíacas entre homens e 11.000 entre mulheres somente nos EUA. Os autores do relatório realizaram um estudo de simulação para avaliar os resultados futuros da hipertensão. Cerca de 61% da população modelada teve acesso aos cuidados de saúde. Cerca de metade eram mulheres.
A pesquisadora e educadora interdisciplinar Kendra Sims, pós-doutoranda na Universidade da Califórnia, é a pesquisadora colíder do estudo. Ela explicou a metodologia por trás do relatório ao Medical News Today: “No nosso caso, uma simulação consiste em extrair várias fontes de informação, incluindo o censo, que refletem as mudanças atuais e esperadas na população dos EUA.”
“Entre as pessoas simuladas inicialmente sem doença cardíaca, incluímos os fatores de risco extraídos de rigorosos estudos de pesquisa sobre eventos de ataque cardíaco e derrame. Esse método nos permite projetar com confiança o número de pessoas que provavelmente desenvolverão doenças cardíacas na próxima década”, disse ela.
Pressão arterial é quando o sangue exerce pressão externa contra as paredes das artérias. A hipertensão acontece quando o sangue exerce uma pressão maior do que o que se pensa ser bom para as artérias. Para medir a pressão arterial de alguém, os profissionais de saúde fazem duas leituras:
-A medição da pressão arterial sistólica registra a pressão exercida nas paredes das artérias durante os batimentos cardíacos.
-A medição da pressão arterial diastólica registra a pressão exercida nas paredes das artérias entre os batimentos cardíacos.
-A pressão arterial é expressa em milímetros de mercúrio (mmHg) e nessa ordem, primeiro a sistólica e em seguida diastólica.
A gravidade da pressão arterial elevada pode ser categorizada em estágios:
-Elevado - 120-129 sistólica/menos de 80 diastólica
-Estágio 1 - 130-139 sistólica/80-89 diastólica
-Estágio 2 – maior que 140 sistólica/maior que 90 diastólica
-Crise de hipertensão - maior que 180 sistólica/maior que 120 diastólica
A hipertensão às vezes é chamada de “assassino invisível”. “Milhões de pessoas em idade ativa estão andando por aí com pressão arterial elevada, sem sintomas e sem saber que ela também é uma das principais causas evitáveis de incapacidade e morte”, disse Kendra. A OMS estima que 46% dos adultos com hipertensão não sabem que a têm. “A maioria dos pacientes com hipertensão não seguiu a dieta Dash recomendada. Menos de dois terços deles tinham acesso regular aos cuidados de saúde. Isso foi particularmente verdadeiro para homens e pessoas entre 45 e 54 anos”, completou Kendra.
O modelo do estudo também revelou uma surpresa preocupante. “Descobrimos que adultos jovens e de meia-idade com hipertensão estágio 1 não são tão de baixo risco quanto eles – ou mesmo os médicos – podiam pensar!” disse ela. O relatório prevê que 8,8 milhões de pessoas com idades entre 35 e 64 anos têm hipertensão estágio 1 não tratada.
O desenvolvimento da dieta Dash começou na década de 1990 e foi aprimorado ao longo dos anos. “DASH” é a sigla em inglês de “Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão”. Jennifer Wong, diretora médica de cardiologia não invasiva do Memorial Care Heart & Vascular Institute of Orange Coast Medical Center, que não esteve envolvida no estudo, explicou os benefícios cardiológicos da dieta Dash ao MNT:
“A dieta Dash promove alimentos ricos em potássio, magnésio, cálcio, fibras e proteínas já que esses nutrientes ajudam a diminuir a pressão arterial. Com a dieta, há também uma limitação de sódio que pode ajudar a baixar a pressão arterial. O sódio é conhecido por acumular água nos vasos sanguíneos e pode aumentar a pressão arterial dessa maneira. E todos sabemos que a pressão alta aumenta o risco de espessamento arterial e consequente ataque cardíaco, derrame e insuficiência renal”.
Embora a dieta Dash limite o consumo de gorduras saturadas, carne e óleo, Jennifer observou que é também interessante, além de evitar certos alimentos, a ênfase no aumento de outros, como frutas e vegetais.
Os pesquisadores descobriram que a mudança para uma dieta Dash poderia evitar aproximadamente 2.900 mortes por ano, com uma redução nos custos nacionais de saúde de US$ 1,6 bilhão. A simulação se concentrou em pessoas que foram diagnosticadas com hipertensão leve a moderada. Jennifer explicou o motivo provável: “Esse grupo em particular está em um ponto em que você pode realmente evitar problemas antes que eles se tornem mais difíceis de controlar. Você sabe que ainda é possível fazer a diferença no grupo de hipertensão no estágio 1 com mudanças no estilo de vida.”
“Os exemplos normalmente usados na dieta Dash podem não ser culturalmente sensíveis e precisam ser personalizados/adaptados por um nutricionista qualificado registrado para o sucesso ideal”, afirmou ao MNT Michelle Routhenstein, nutricionista de cardiologia e que também não esteve envolvida no relatório.
Ela advertiu: “Acho que muitas pessoas escolhem certos princípios da dieta Dash, o que pode levar a deixar de fora grande parte de sua eficácia. Para fazer uma mudança social em larga escala, mais dicas de como fazer e de implementação que a tornem culturalmente sensível, aplicável e apetitosa para cada indivíduo são fundamentais”.
Já Kendra apontou: “Esta pesquisa revela que devemos procurar maneiras viáveis de nosso sistema alimentar tornar a alimentação saudável a opção padrão. Isso pode ser tão simples quanto diminuir a quantidade de sal em alimentos pré-embalados ou subsidiar a agricultura em larga escala para cultivar frutas e vegetais em vez de milho”.
“E isso não será simples. Ter bem-estar é um trabalho de tempo integral e para toda a vida. Ao mesmo tempo, restrições financeiras e sociais criam obstáculos entre milhões de pessoas e comportamentos saudáveis. Provedores de saúde e formuladores de políticas devem conectar as pessoas a soluções em vez de culpá-las por estarem doentes”, afirmou Kendra.
Ela conclui dizendo que acima de tudo, isso significa colaborar com o paciente sobre escolhas saudáveis e deliciosas que se encaixam melhor em sua cultura e estilo de vida.
Fonte: MedicalNewsToday
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