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Moscas e pessoas escolhem comida de forma parecida, mostra estudo

A neuroquímica pode ditar as escolhas alimentares que nós, humanos, pensamos estar fazendo conscientemente - iStock
A neuroquímica pode ditar as escolhas alimentares que nós, humanos, pensamos estar fazendo conscientemente - iStock

Redação Publicado em 13/07/2021, às 10h00

Você pode ficar surpreso ao saber, mas as moscas têm um gosto exigente. Como um gourmet examinando um cardápio, elas passam a maior parte do tempo procurando calorias nutritivas e doces, e evitando alimentos amargos e potencialmente tóxicos. Mas o que acontece em seus cérebros quando fazem essas escolhas alimentares? Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriram uma maneira interessante de desvendar: eles as enganaram.

Em um estudo, que também pode ajudar a esclarecer como as pessoas fazem escolhas alimentares, os pesquisadores deram às famintas moscas-das-frutas a possibilidade de escolher entre alimentos doces e nutritivos misturados com quinino (o primeiro medicamento usado para tratar malária) amargo e outros menos doces, mas não amargos, com menos calorias. Então, usando neuroimagem, eles rastrearam a atividade neural nos cérebros enquanto elas faziam essas difíceis escolhas.

Então, quem ganhou? As calorias ou o melhor sabor? Segundo os pesquisadores da Escola de Medicina de Yale, depende de quanta fome as moscas tinham. Assim, quanto mais famintas, maior a probabilidade de tolerarem o sabor amargo para obter mais calorias. Mas a verdadeira resposta sobre como as moscas tomam essas decisões é um pouco mais complexa, de acordo com o estudo publicado na revista Nature Communications.

Neurônios

Segundo a equipe de pesquisa, moscas transmitem informações sensoriais para uma parte do cérebro em forma de leque, onde os sinais são integrados, desencadeando o que equivaleria a uma decisão executiva versão "inseto”. Os pesquisadores descobriram que os padrões de atividade neuronal nessa região mudam de forma adaptativa quando novas escolhas alimentares são introduzidas, o que dita a decisão da mosca sobre o que comer.

Mas os pesquisadores não pararam por aí. Eles descobriram que podiam mudar a escolha de uma mosca manipulando neurônios em áreas do cérebro que alimentam a região em forma de leque. Por exemplo, ao causar uma diminuição na atividade dos neurônios envolvidos no metabolismo, descobriram que isso fazia com que as moscas famintas escolhessem o alimento com menos calorias. Para a equipe, isso demonstrou um grande ciclo de feedback, não apenas uma tomada de decisão de cima para baixo.

E é aqui que surgem conexões com as escolhas alimentares dos humanos, segundo o estudo. A atividade neural tanto no cérebro de uma mosca quanto no cérebro de um humano é regulada pela secreção de neuropeptídeos e do neurotransmissor dopamina, que, nos humanos, ajuda a regular as sensações de recompensa.

Mudanças nessa rede podem alterar a forma como o cérebro responde a diferentes tipos de alimentos. Em outras palavras, a neuroquímica às vezes pode ditar as escolhas alimentares que nós, humanos, pensamos estar fazendo conscientemente. Desse modo, o estudo forneceu um modelo para entender como fome e estados emocionais internos podem influenciar nosso comportamento.

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