Mulheres costumam ter mais dores de cabeça do que os homens. Uma pesquisa recente realizada nos EUA, entre outras, sugere que elas são quase três vezes mais propensas a relatar incômodo por esse tipo de dor ou devido à enxaqueca.
Embora muitos fatores contribuam para essa diferença entre os gêneros, estudos indicam que as variações hormonais que elas experimentam ao longo do mês estão entre as principais causas.
Um dos principais tipos de dor de cabeça é a enxaqueca. Ela é caracterizada por dores moderadas ou graves, geralmente em um lado da cabeça, e é uma das causas mais comuns de incapacidade entre mulheres de 15 a 49 anos. As crises podem durar de quatro a 72 horas.
Antes da puberdade, meninos e meninas têm igual probabilidade de experimentar enxaquecas. Mas, uma vez que a puberdade ocorre, a condição torna-se muito mais comuns entre mulheres e meninas.
As mulheres têm duas a três vezes mais chances do que os homens de sofrerem de enxaqueca, afirma a médica Jelena Pavlovic, neurologista do Albert Einstein College of Medicine, em reportagem ao The New York Times. E esse tipo de dor de cabeça geralmente atinge as mulheres com mais força em seus 30 anos.
Uma outra possível razão para essa discrepância é que as mulheres tendem a relatar ter mais estresse, seja por obrigações "profissionais, sociais ou familiares". E elas também costumam ter mais dificuldade para dormir do que os homens, o que só aumenta o risco de ter dores de cabeça.
Algumas enxaquecas, por outro lado, são desencadeadas por hormônios, ou melhor, por mudanças súbitas nos níveis de estrogênio, que é principalmente produzido pelos ovários.
Estudos científicos mostraram que o estrogênio desempenha um papel importante no desenvolvimento de enxaquecas, que, entre a puberdade e a menopausa, são muito mais comuns em mulheres do que em homens.
Muitas mulheres, por exemplo, experimentam enxaquecas antes e durante a menstruação, logo após a diminuição dos níveis de estrogênio. Uma pesquisa inclusive descobriu que as mulheres que têm enxaqueca tendem a ter quedas mais acentuadas nos níveis de estrogênio do que as mulheres que não têm.
O estrogênio realiza funções importantes dentro do cérebro, então as mudanças hormonais também devem desencadear uma série de eventos que culminam na enxaqueca.
As mulheres também podem experimentar mudanças na frequência da enxaqueca durante a gravidez, quando os níveis de estrogênio tendem a subir e descer.
Além disso, as enxaquecas tendem a piorar durante a perimenopausa, também porque o estrogênio flutua. Porém, uma vez que a menopausa se estabelece, os níveis hormonais se estabilizam e muitas mulheres descobrem que suas enxaquecas se tornam menos frequentes.
Além das enxaquecas, as mulheres têm cerca de 1,5 vezes mais chances do que os homens de experimentar dores de cabeça tensionais, que são leves a moderadas e afetam ambos os lados da cabeça. Essas dores de cabeça são desconfortáveis, mas geralmente não são debilitantes, e podem parecer que há uma faixa apertada apertando a cabeça.
Alguns estudos sugerem que essas dores de cabeça são mais frequentes em mulheres nos dias que cercam a menstruação, sugerindo que o estrogênio pode estar novamente envolvido. Mas outros estudos não encontram evidências de que os hormônios sejam os culpados, e o estresse também pode estar envolvido no problema.
Por outro lado, os homens são mais propensos do que as mulheres a experimentar dores de cabeça em salvas, que são dores de cabeça raras, mas extremamente dolorosas, que afetam apenas um lado da cabeça e geralmente surgem diariamente ou quase diariamente ao longo de várias semanas ou meses.
Não está claro por que os homens são mais propensos do que as mulheres, mas uma pesquisa sugere que essas dores de cabeça são mais comuns em pessoas que fumam ou bebem muito, e os homens tendem a beber e fumar mais intensamente do que as mulheres.
Se você sofre de dores de cabeça frequentes, mantenha um diário e leve para um especialista. Além do estresse, sono e hormônios, considere outros gatilhos potenciais, como desidratação, mudanças climáticas, medicamentos e álcool.
A Sociedade Nacional de Dores de Cabeça, nos EUA, sugere documentar quando cada dor de cabeça começou e terminou, sua intensidade, seus sintomas precedentes, seus gatilhos potenciais e qualquer medicamento tomado para aliviá-la. Um médico pode, então, adaptar os tratamentos com base nas informações registradas.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin