Redação Publicado em 22/03/2025, às 10h00
Você é do tipo que sempre sofreu muito para dormir e acordar cedo? Esse padrão tem sido associado ao risco maior de sofrer com depressão, e pesquisadores agora têm uma pista dos mecanismos envolvidos nisso.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial vive com depressão. O transtorno afeta o funcionamento diário e pode impactar o trabalho e a educação de uma pessoa. Além disso, aumenta o risco de desenvolver outras condições de saúde graves, como doenças cardíacas e AVC.
Assim, é importante prestar atenção em possíveis fatores de risco para a saúde mental. E o sono é um deles.
Segundo pesquisa liderada por Simon Evans, pesquisador de neurociência na Escola de Psicologia da Universidade de Surrey, no Reino Unido, os “notívagos” (pessoas que preferem se manter ativas à noite) podem ter um risco maior de depressão do que os “madrugadores” (que preferem acordar e dormir mais cedo).
O estudo, publicado recentemente no periódico PLOS One, contou com dados de 546 estudantes, com idades entre 17 e 28 anos, da Universidade de Surrey, por meio de um questionário online. Os participantes forneceram informações sobre seus padrões de sono, consumo de álcool, nível de atenção plena (mindfulness) e sintomas de depressão e ansiedade.
Após a análise, Evans e sua equipe descobriram que os participantes com um cronotipo noturno – ou seja, os notívagos – apresentavam um risco significativamente maior de depressão em comparação com aqueles com um cronotipo matutino, os madrugadores.
O cronotipo de uma pessoa – ou seja, o horário preferido para estar acordado ou dormindo – afeta o ritmo circadiano natural do corpo, também chamado de “relógio biológico”.
“Uma grande proporção (cerca de 50%) dos jovens adultos são notívagos, e as taxas de depressão entre os jovens adultos estão mais altas do que nunca”, afirmou Evans. “Por isso, estudar essa relação é tão importante.”
Os pesquisadores acreditam que o maior risco de depressão entre os notívagos pode estar relacionado à má qualidade do sono, ao maior consumo de álcool e a uma menor prática de atenção plena, em comparação com os madrugadores.
“O mais importante foi a descoberta de que a relação entre cronotipo e depressão foi totalmente mediada por certos aspectos da atenção plena – especialmente ‘agir com consciência’ –, pela qualidade do sono e pelo consumo de álcool”, explicou Evans. “Isso significa que esses fatores parecem explicar por que os notívagos relatam mais sintomas de depressão.”
Estudos mostram que até 50% dos jovens são notívagos, e a pesquisa mostra que estratégias para incentivar maior atenção plena, como meditação guiada e exercícios de mindfulness, melhor qualidade do sono e menor consumo de álcool, beneficiariam positivamente a saúde mental desses indivíduos.
“Estamos planejando novos estudos que incluam tempo de tela e uso de tecnologia digital para entender como esses fatores afetam o sono e a saúde mental dos jovens adultos”, acrescentou Evans.
As descobertas reforçam algo que os médicos observam diariamente na prática clínica: o sono e a saúde mental estão profundamente conectados. Dormir mal pode ser tanto um fator de risco para a depressão, quanto um sintoma do transtorno.
Para os jovens adultos, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento, um sono consistente e de qualidade é ainda mais importante para a regulação emocional e o bem-estar geral.
Assim, com evidências de que o sono afeta o risco de depressão, os médicos podem pensar em estratégias de prevenção que podem ter impactos importantes a longo prazo. Isso é ainda mais importante numa época em que todo mundo está conectado nas telas, e a internet móvel gera a tentação de procrastinar na hora de dormir.
Se você tem dormido mal e se sente sempre cansado, vale a pena buscar ajuda médica para melhorar a qualidade do seu sono. Sua saúde física e mental vão agradecer.
Fonte: MedicalNewsToday