Dado é de um dos primeiros estudos a avaliar os impactos globais da Covid na saúde mental
Redação Publicado em 09/10/2021, às 20h24
Casos de depressão e transtornos de ansiedade aumentaram em mais de 25% em todo o mundo, de acordo com um estudo pioneiro do mundo sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental.
O trabalho foi liderado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública da University of Queensland, do Queensland Center for Mental Health Research e do Institute for Health Metrics and Evaluation (da Universidade de Washington).
Os resultados indicaram que pessoas que vivem em países severamente afetados pela pandemia foram os mais afetados, especialmente mulheres e pessoas mais jovens. Ou seja: trata-se de mais uma evidência de que idosos sofreram menos do que os mais novos.
O estudo é o primeiro a avaliar os impactos globais da pandemia nos principais transtornos depressivos e de ansiedade, quantificando a prevalência e a carga dos transtornos por idade, sexo e localização em 204 países e territórios em 2020.
O líder do estudo, o pesquisador Damian Santomauro, disse que os países mais afetados pela pandemia em 2020 tiveram o maior aumento na prevalência desses transtornos mentais, o que não chega a ser uma surpresa.
Confira:
Santomauro ressaltou que os sistemas de saúde mental precisam de reforço urgente para lidar com o aumento significativo de indivíduos com depressão e ansiedade, e que não tomar providências nesse sentido não poderia ser uma opção.
O autor também reforço que serviços de suporte devem ser melhorados, promovendo o bem-estar mental, e mirando os fatores que prejudicaram a saúde mental das pessoas na pandemia.
Mesmo antes da Covid-19, no entanto, os serviços de saúde mental já contavam com uma carência histórica de recursos e desorganização. Assim, atender à demanda extra impulsionada pela pandemia será um grande desafio.
A coautora da pesquisa Alize Ferrari acrescentou que a Covid exacerbou a desigualdade social, algo que predispõem as pessoas a transtornos mentais.
"Infelizmente, por várias razões, as mulheres provavelmente serão mais afetadas pelas consequências sociais e econômicas da pandemia, já que muitas vezes carregam o fardo quando se trata de cuidados adicionais e responsabilidades domésticas", disse ela.
“As mulheres também têm maior probabilidade de serem vítimas de violência doméstica, que aumentou em vários estágios durante a pandemia.
O fechamento de escolas e restrições mais amplas que limitam a capacidade dos jovens de aprender e interagir com seus colegas, combinados com o aumento do risco de desemprego, também significaram que os jovens foram mais fortemente afetados por transtornos depressivos e de ansiedade graves durante a pandemia.
Para os autores, é crucial que os formuladores de políticas levem em consideração fatores subjacentes como esses como parte das medidas para fortalecer os serviços de saúde mental.
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