Estudo sugere que endereçar os desafios sociais dessas pessoas é fundamental
Dr. Jairo Bouer Publicado em 07/05/2024, às 09h00
Um estudo recente publicado no Journal of Attention Disorders revela que jovens com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) experimentam níveis mais altos de solidão do que seus pares.
O trabalho destaca um aspecto importante do transtorno, além de revelar uma forte associação entre solidão e problemas de saúde mental.
O TDAH é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento. Seus sintomas incluem desatenção, hiperatividade e impulsividade, sendo que em algumas pessoas a desatenção é mais marcante, enquanto em outras a hiperatividade e a impulsividade são mais destacadas.
Muitos estudos têm se concentrado nos relacionamentos de pessoas com TDAH com os pares, mas poucos são focados nos desafios sociais, especialmente na solidão, definida como o "sentimento subjetivo de angústia devido a um déficit percebido na quantidade e qualidade das relações sociais de alguém".
Segundo os pesquisadores, que fazem parte do King's College London e da Universidade Queen Mary, no Reino Unido, tanto a solidão quanto o TDAH têm relação com problemas de saúde física e mental, o que inclui depressão, ansiedade, automutilação e ideação suicida.
Coordenados por Angelina Jong, da King's College London, os pesquisadores conduziram uma revisão sistemática e uma meta-análise, ou seja, uma análise rigorosa dos dados de vários estudos para avaliar a prevalência da solidão em indivíduos com menos de 25 anos. A metodologia envolveu a busca em seis grandes bancos de dados eletrônicos e a aplicação de ferramentas estatísticas para combinar e comparar resultados de 20 pesquisas diferentes.
Os resultados de 15 desses estudos revelaram que jovens com TDAH dizem se sentir significativamente mais solitários do que aqueles sem o transtorno. Esses dados foram obtidos de trabalhos realizados em oito países (principalmente do Ocidente), com um total de 1.253 participantes com TDAH e 5.028 participantes sem o transtorno.
"Um possível fator que pode explicar o aumento da solidão em jovens com TDAH em comparação com seus pares poderia ser a maior rejeição pelos pares e as dificuldades sociais experimentadas... [Isso] também pode estar relacionado a se sentir diferente," hipotetizam Jong e seus colegas.
Além disso, ao analisar 781 jovens com TDAH em oito estudos, foi encontrada uma associação significativa entre solidão e problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade.
Apesar de haver limitações no estudo, como a variabilidade dos desenhos e uma proporção maior de homens incluídos, os pesquisadores acreditam que investir no combate a essa sensação de estar só pode ser algo importante para se levar em conta no tratamento da condição.
Dado os possíveis problemas de saúde mental associados à solidão no TDAH, reduzir a solidão pode não apenas diminuir a angústia, mas também impactar positivamente outros aspectos da saúde mental."
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