Redação Publicado em 11/07/2022, às 12h00
Psicopata vs. sociopata. A maioria de nós usa os dois rótulos de forma intercambiável para se referir a uma pessoa que se comporta de uma maneira estranha ou perturbadora, sem empatia, ou pelo menos impossível de entender ou simpatizar. Você, provavelmente, está familiarizado com alguns famosos psicopatas e sociopatas fictícios, como o psicopata Hannibal Lecter do filme "O Silêncio dos Inocentes" (1991) ou o sociopata Rei Joffrey da série "Game of Thrones" (2011 a 2019). Ambos carecem de empatia, desrespeitam leis e regras, não se importam com os direitos dos outros, têm tendências violentas e nunca se sentem culpados. Então, qual é sociopata e qual é psicopata? Como você pode dizer a diferença entre essas duas condições?
Sociopatia está sob o diagnóstico de saúde mental de transtorno de personalidade antissocial (TPAS), afirma Donald Black, professor de psiquiatria da faculdade de medicina da Universidade de Iowa, nos EUA, ao site Health. As pessoas que têm TPAS tendem a ser mentirosas persistentes, não têm consideração pelo que é certo e errado e têm uma personalidade arrogante, entre outras características. Os sociopatas podem abusar de animais ou causar incêndios, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, que caracteriza a TPAS como uma condição de saúde mental na qual uma pessoa "tem um padrão de longo prazo de manipulação, exploração ou violação dos direitos dos outros. Esse comportamento geralmente é criminoso".
O transtorno de personalidade antissocial começa cedo na vida, geralmente aos 8 anos, de acordo com um estudo de 2015 publicado no Canadian Journal of Psychiatry. TPAS é tipicamente diagnosticado como transtorno de conduta na infância. Quase 80% das pessoas com TPAS desenvolveram seu primeiro sintoma aos 11 anos. Aos 18 anos, o diagnóstico geralmente se confirma se os comportamentos antissociais continuarem.
TPAS ocorre em 2% a 4% dos homens e em 0,5% a 1% das mulheres; pode ser crônico e vitalício para a maioria das pessoas. No entanto, o distúrbio geralmente melhora com a idade.
A origem dessas condições é desconhecida, e especialistas citam fatores de risco como a genética e abuso infantil como possíveis contribuintes para o desenvolvimento da doença. Pessoas com pais antissociais ou alcoólatras correm maior risco de desenvolver TPAS.
Conforme descrito em um estudo de 2014 publicado na Restorative Neurology and Neuroscience, a psicopatia é um distúrbio caracterizado por respostas emocionais superficiais, falta de empatia, impulsividade e maior probabilidade de comportamento antissocial. Os psicopatas são responsáveis por uma proporção desordenada de crimes cometidos. A condição é um forte preditor da probabilidade de reincidência após cumprimento de prisão – um ano após a liberdade, os psicopatas são cerca de três vezes mais propensos a cometer outro crime do que os não psicopatas, e quatro vezes mais propensos a cometer um crime violento.
Os psicopatas e seu estilo interpessoal trapaceiro e manipulador geralmente têm um impacto destrutivo abrangente na vida, no trabalho e nos relacionamentos de um indivíduo.
De acordo com matéria do Jornal da USP, a psicopatia é uma desordem neuropsiquiátrica muito mais comum do que se imagina, atingindo cerca de 1% a 2% da população mundial, ou seja, uma a cada cem pessoas, de acordo com estudos acadêmicos. A psicopatia ocorre em todos os níveis socioeconômicos, e em todas as raças, gêneros e culturas. De executivos de alto desempenho a presidiários, há quem tenha pontuações altas nas escalas de psicopatia.
Anormalidades no cérebro podem ser responsáveis por alguns dos sintomas da psicopatia, de acordo com a Associação Americana de Psicologia. Estudos anteriores descobriram que a amígdala – uma importante estrutura de processamento de emoções no cérebro – é menor em pessoas com psicopatia do que em indivíduos com desenvolvimento típico. A pesquisa também descobriu que a amígdala tem deformidades em pessoas com psicopatia.
Além disso, estudos descobriram um componente genético moderado a altamente hereditário para a psicopatia. Um estudo do American Journal of Psychiatry acompanhou 561 crianças durante a primeira infância. As crianças cujas mães biológicas relataram uma história maior de comportamento antissocial grave eram muito mais propensas a apresentar comportamentos de psicopatia do que aquelas cujas mães biológicas não o apresentavam.
Então qual é a diferença real entre sociopatas e psicopatas? Para começar, é provável que alguém com sociopatia seja mais fácil de se identificar. “Quando um psicopata interage com você, se ficar chateado, ele pode manter a calma, mas um sociopata perderá a calma”, afirma a psicóloga Elizabeth Lombardo, autora de "Better Than Perfect: 7 Strategies to Crush Your Inner Critic and Create a Life You Love" (Melhor que perfeito: 7 estratégias para esmagar seu crítico interior e criar uma vida que você ame), ao site Health. "Eles são realmente cabeça quente. Se as coisas não acontecerem do jeito que eles querem, vão ficar com raiva e podem ser agressivos. Eles não conseguem manter a calma e têm explosões emocionais."
Se há alguém com sociopatia em sua vida, você também pode notar outras coisas que estão erradas: talvez eles não se encaixem bem em ambientes sociais ou tenham dificuldade em manter um emprego. Pessoas com psicopatia, no entanto, são o oposto. Eles tendem a ser muito bem sucedidos e bem quistos. Você poderia chamá-los de "mestres vigaristas".
"Os psicopatas são malandros", afirma Elizabeth. Essa pessoa irá elogiá-lo, "fará você se sentir bem, e apenas dirá todas as coisas certas até você descobrir que eles estão roubando seu dinheiro ou tramando algum tipo de crime".
Pessoas com psicopatia são extremamente manipuladoras e profissionais em ganhar a confiança dos outros. Basicamente, quando alguém com psicopatia está tramando pelas suas costas, terá uma desculpa perfeitamente crível para qualquer coisa que você possa achar que parece errada, e você nunca verá isso acontecer. Mas quando está lidando com alguém com sociopatia, é mais provável que entenda porque eles não serão inteligentes o suficiente para cobrir os rastros, e você provavelmente não confiará tanto neles.
Então talvez a diferença mais preocupante entre os dois seja que você provavelmente não tem ideia quando alguém é um psicopata, o que os torna ainda mais perigosos. Existem diferentes níveis de psicopatia e sociopatia. Alguns podem ser ladrões ou trapaceiros, enquanto outros podem ser assassinos de verdade. Independentemente da gravidade, as pessoas com esses traços são perigosas e, se você suspeitar que conhece alguém que se encaixa em um desses moldes, é crucial que se afaste e fale com um profissional de saúde mental.
Via: Health
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