Redação Publicado em 28/04/2021, às 17h00
Uma nova pesquisa da Universidade do Kansas (Estados Unidos) mostrou que muitos estudantes universitários lutam com um ciclo vicioso: a ansiedade para as provas desencadeia o sono ruim, que, por sua vez, reduz o desempenho nos mesmos testes que causaram a ansiedade em um primeiro momento.
De acordo com os autores do estudo, publicado recentemente no International Journal of Behavioral Medicine, esse processo pode levar tanto a notas ruins, como à desistência de muitos alunos. De fato, cerca de 40% dos calouros de universidades norte-americanas não retornam às aulas para um segundo ano.
O principal objetivo da pesquisa era descobrir qual a relação entre sono, ansiedade e o desempenho nas provas, para encontrar a correlação entre esses aspectos e como ela se desenrola ao longo do tempo.
Para fazer essa análise, os pesquisadores acompanharam a qualidade de sono, os níveis de ansiedade e as notas de testes de 167 alunos matriculados em uma aula de estatística – que, segundo eles, é a matéria mais temida da graduação.
Os participantes responderam a um questionário on-line e preencheram diários sobre humor e sono durante as manhãs nos dias que antecediam os testes. Após todo esse acompanhamento, o estudo mostrou que, realmente, o sono e a ansiedade alimentam um ao outro e podem prejudicar o desempenho acadêmico.
A ansiedade para a prova foi analisada com o intuito de observar se isso previu quem passou ou não na matéria. Segundo os pesquisadores, esse aspecto aumentou a probabilidade de os alunos falharem nas aulas, ou seja, aqueles especialmente ansiosos apresentaram uma diferença de quase cinco pontos em sua pontuação, em comparação com os outros estudantes que tinham níveis médios de ansiedade.
Além das quedas das notas, a saúde geral de um aluno também pode sofrer quando a ansiedade para as provas e sono ruim se reforçam. Isto é, eles tendem a lidar com a ansiedade através de comportamentos prejudiciais à saúde, como consumo excessivo de cafeína para combater problemas de sono associados à ansiedade. A automedicação, uso de álcool e outras drogas também são exemplos.
De acordo com os pesquisadores, as universidades poderiam promover uma maior conscientização sobre a ansiedade causada pelos testes e fornecer recursos para melhorar essa situação. As instituições devem conversar com os professores sobre algumas medidas que podem ser adotadas para minimizar os efeitos dessa ansiedade.
Os instrutores também são prejudicados pelo mesmo fenômeno, isto é, a ansiedade e os problemas com o sono distorcem a sua capacidade de medir o conhecimento do aluno em um determinado assunto. Para os autores, o teste não é o problema em si e eles sugeriram algumas pequenas mudanças que poderiam acalmar e deixar os alunos menos ansiosos:
1- Aumentar a regularidade dos testes
2- Em aulas que usam medidas baseadas no desempenho, como matemática ou estatística, e que realmente tendem a induzir muita ansiedade em alguns alunos, incentivá-los a tirar cinco minutos antes de um exame para escrever sobre o que os preocupa pode ajudar
3- Eliminar o limite de tempo em uma prova também contribui, nada de “você tem uma hora para terminar e, o que você não fizer, ficará em branco”
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