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Ronco é um problema sério e subestimado; veja dicas e curiosidades

Quem dorme com o roncador muitas vezes recorre a remédios ou é obrigado a mudar de quarto - iStock
Quem dorme com o roncador muitas vezes recorre a remédios ou é obrigado a mudar de quarto - iStock

Redação Publicado em 25/11/2021, às 11h00

Cerca de metade da população adulta em todo o mundo ronca, e parte dessas pessoas tem interrupções na respiração durante a noite – a apneia do sono, um problema associado a doenças cardiovasculares, obesidade, fadiga e problemas de concentração. Mas não é só isso: o ronco também representa uma enorme fonte de estresse para os parceiros dessas pessoas.

A pesquisadora Miche De Meyer, da Clínica do Sono da Universidade Vrije Bruxelas, na Bélgica, acredita que o ronco é um problema de saúde pública que tem sido muito subestimado. Por isso, decidiu investigar o tema a fundo e levantou alguns dados curiosos, que você confere adiante.

Muita gente ronca

Cerca de 4 bilhões de pessoas com idades entre 20 e 80 anos roncam. Desse total, há pelo menos 1 bilhão de pessoas, com idades entre 30 e 69 anos de idade, com apneia obstrutiva do sono (AOS), bloqueios intermitentes do fluxo de ar que ocorrem sem que a pessoa acorde completamente. O distúrbio fica sem diagnóstico na maioria das vezes.

O ronco é um ruído quase sempre irritante, produzido durante as fases REM e não REM do sono. As causas fisiológicas são muitas, mas, em geral, decorre de uma obstrução das vias aéreas superiores, como rinites ou resfriados. Além disso, as posições da úvula e da epiglote (estruturas na nossa garganta) durante o sono desempenham um papel significativo na ocorrência. Em pessoas com grande acúmulo de gordura no pescoço, ou flacidez nessas estruturas e nos músculos ao redor delas, as vias aéreas superiores ficam mais estreitas na posição deitada e, assim, surge o famigerado ruído.

Problema evolutivo

"O ronco é tipicamente um fenômeno em mamíferos", afirma a pesquisadora. "É um problema evolutivo. Suspeita-se que o ronco seja menos comum em primatas. Com a evolução, junto com o desenvolvimento da fala, as vias aéreas superiores se tornaram mais longas e estreitas.” Mas ela avisa que ainda faltam mais pesquisas sobre o tema.

Como o ser humano médio passa cerca de um terço de sua existência dormindo e compartilha sua cama com alguém em quase 60% de todo esse tempo, dá para ter uma ideia da importância que o ronco tem na vida de (quase) todo mundo. 

Ronco alto ou suave

“O nível recorde mundial de ronco, de acordo com o Guinness Book of Records, é de 93 decibéis, o que é comparável ao som de um secador de cabelo. Alguém que inspira e expira silenciosamente produz cerca de 25 a 30 dB. Um roncador médio facilmente ultrapassa os 35 dB e em valores de 55 dB há poluição sonora grave, não para quem ronca, mas para quem divide a cama com a pessoa. "

O ruído do ronco é percebido como muito incômodo quando é alto e frequente. Como resultado, a outra pessoa na cama acaba recorrendo a remédios para dormir ou é obrigado a se mudar para outro ambiente da casa, o que pode prejudicar a saúde e/ou o relacionamento. 

Para De Meyer, já passou da hora de o ronco ser abordado em consultas médicas de rotina. A maioria das terapias existentes concentra-se em manter as vias aéreas abertas para evitar o bloqueio da respiração durante o sono, o que pode ser feito com ajuda de um aparelho oral. E, para a especialista, é muito importante que o parceiro do roncador participe da busca por uma solução para o problema. 

Confira:

Veja outras recomendações para evitar o ronco:

Perca peso: o sobrepeso e a obesidade aumentam a propensão a roncar e também o risco de ter apneia obstrutiva do sono. Um estudo inclusive mostra que emagrecer um pouco já faz as pessoas dormirem cerca de 20 minutos a mais.

Evite o álcool perto da hora de dormir: a bebida causa um relaxamento dos músculos das vias aéreas. Além de aumentar a propensão ao ronco e à apneia, também mexe com a arquitetura do sono. 

Não fume: o tabagismo também é um fator de risco para o ronco e a apneia do sono, além de causar tantas outras doenças. 

Cuide do seu nariz: se você tem rinite alérgica, sinusite ou amígdalas aumentadas, esses quadros devem ser tratados por um otorrinolaringologista.

Evite dormir com a barriga para cima: essa posição facilita a obstrução das vias aéreas. 

Durma bem sempre: após uma noite em claro ou com poucas horas de sono, a tendência é roncar mais na noite seguinte.

Se você passa o dia cansado e/ou acorda engasgado no meio da noite, não deixe de procurar um médico especializado em sono para avaliar o risco de apneia. O mesmo vale para quem tentou as medidas acima e não parou de roncar. O tratamento adequado pode melhorar sua qualidade de vida e do seu parceiro, além de evitar que você gaste dinheiro com dispositivos vendidos na internet que trazem pouco resultado.

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