Saiba o que as tecnologias dermatológicas podem fazer pela sua beleza

Laser, luz pulsada e outras técnicas podem melhorar rugas, manchas ou flacidez

Mônica Aribi Publicado em 09/08/2022, às 10h00

Tratamentos a laser sofreram vários "upgrades" para se tornarem menos agressivos e mais eficientes - iStock

O mundo da dermatologia mudou expressivamente após a chegada das várias tecnologias para essa área. A primeira tecnologia que chegou no Brasil foi o laser de Erbium 2940 nm (nanômetros), um laser que servia para fazer resurfacing (tratamento que remove a parte mais superficial da pele). Ele era bastante agressivo e deixava a pele do paciente muito vermelha e descamativa. Esse estado pós-procedimento durava até sete ou 10 dias, o que fazia com que os pacientes tivessem dificuldade de fazê-lo, ainda mais num país como o nosso, tão ensolarado. Ele ainda é usado mas sofreu vários upgrades que o tornaram menos agressivo e mais eficiente. Outras tecnologias também foram surgindo para rejuvenescer com menor dor e efeito colateral.

Logo após esse tipo de laser, chegou ao Brasil o laser de CO2 ultrapulsado que servia para a mesma finalidade e era ainda mais agressivo. Essa tecnologia ainda é muito usada, mas não mais com essa característica ultrapulsada, mas mesmo assim é bastante agressivo e deixa a pele bem vermelha no pós-procedimento, com descamação. Esse laser tem o risco de deixar manchas escuras na pele que dificilmente saem. Por essa razão, é pouco usado em pacientes mais morenos.

Luz pulsada com várias finalidades

Depois dessas duas tecnologias, foi a vez da luz pulsada entrar em cena. Essa tecnologia não é um laser, é uma luz com energia ampliada e que atinge não apenas um alvo, mas todas as áreas que o cristal que emite essa luz atinge. Por exemplo, se o cristal da ponteira do aparelho tem 10x5 cm, a luz pega toda essa superfície da pele e consegue tratar manchas, vasinhos, dar um pouco de colágeno, enfim, várias ações, mas como tudo o que tem várias finalidades, acaba não sendo muito eficaz para nada em especial. Mesmo assim, é ainda muito utilizada pelos dermatologistas, principalmente os mais jovens que não tem poder aquisitivo para comprar várias tecnologias (uma para cada finalidade), então compram aparelhos à base de luz pulsada que tratam um pouco de cada coisa. As clínicas de estética para depilação também usam muito essa tecnologia que também consegue diminuir os pelos assim como alguns lasers, mas precisam de mais sessões para serem efetivos.

Radiofrequência contra flacidez

Outra tecnologia que entrou no mercado dermatológico e até hoje é muito usada é a radiofrequência. Trata-se de um campo elétrico que pode ser monopolar (o paciente faz as vezes de fio terra), bipolar (dois polos - um negativo e um positivo no mesmo aparelho), tripolar, etc. Todos eles trabalham por aquecimento da pele e, com isso, formam colágeno e são usados para tratar a flacidez da pele. Eles alcançam temperaturas entre 38 e 42 graus centígrados. Na maioria, o aplicador tem controle sobre essa temperatura e escolhe se quer apenas tratar a flacidez ou também diminuir gordura. Para diminuir gordura também, ele precisa alcançar temperaturas maiores de quarenta graus. Em geral, são necessárias de quatro a 10 sessões para se alcançar um resultado significativo. Os intervalos são semanais.

Novos tipos de laser

Avançando um pouco mais, os lasers começaram a ser cada vez mais usados para melhoria da pele. Cada tipo de laser tem um alvo específico e diferente do outro, conforme seu comprimento de onda e outras características físicas. Um bem conhecido é o laser de iodo e o de alexandrita, que tratam pelos de maneira muito eficaz. Esse tipo de laser enxerga melanina como alvo e, por isso, o paciente não pode estar queimado de sol e o pelo deve ser preto para dar bom resultado.

O laser de 1064nm é um dos mais utilizados ultimamente. Ele pode ser Q-switched (que é um termo para as máquinas que enxergam lesões pigmentares). Nesse modo ele trata as chamadas melanoses senis, sardas, e até melasma. Para se tratar melasma, usamos energias bem baixas e muitas sessões com resultados muito bons e duradouros. O laser 1064nm não Q-switched é igual ao anterior, porém tem como alvo a hemoglobina. Portanto, ele trata telangiectasias faciais, vasos de até 6 mm nas pernas, e principalmente as manchas vinhosas de nascença chamadas hemangiomas.

Os lasers também são a solução para retirada de tatuagens. Conforme a cor da tatuagem, usamos um tipo especial de laser, mas atualmente já conseguimos apagar todas as cores, mesmo que algumas sejam mais difíceis e necessitem de mais sessões. Um exemplo é a cor vermelha.

Congelamento de tecido gorduroso

Outra tecnologia que ficou famosa foi a criolipólise, um congelamento do tecido gorduroso a mais ou menos 5 graus negativos. Nessa temperatura, as células de gordura entram em decomposição (morte celular), e com isso conseguimos diminuir acúmulos de gordura localizada. Na maioria das vezes, uma sessão apenas é necessária, o que é uma vantagem. Mas como desvantagem, ela pode causar um abaulamento da região por ter destruído a gordura em excesso, pois o mecanismo não é controlado pelo médico. Em casos mais graves, pode causar Hiperplasia Adiposa Hereditária. Essa complicação só pode ser sanada com lipoaspiração e não se sabe a causa.

Campo eletromagnético para construção muscular

Também tem novidade para construção muscular. O campo eletromagnético também tem muitas utilizações para dermatologia. Pode ser usado para diminuir a gordura também, mas atualmente está muito em alta por conseguir causar contrações musculares profundas muito eficazes. Segundo o FDA (Food and Drug Administration), 30 minutos numa máquina dessas confere o mesmo efeito de 50 mil contrações musculares. É o queridinho dos pacientes atualmente e é indicado fazer de quatro a oito sessões para se ter um bom resultado que dura até três a quatro meses. Depois disso, é necessário fazer manutenção (uma a duas sessões por mês) ou fazer ginástica e musculação para manter os músculos rígidos.

Ultrassom microfocado 

Por fim, temos o ultrassom microfocado, uma tecnologia já consagrada em todo o mundo. Esse tipo de aparelho consegue alcançar até a capa muscular e como entra em forma de cone causa uma pequena “feridinha” nessa região. Essa ferida vai cicatrizando de baixo para cima e, com isso, alcança a epiderme e faz um levantamento da pele, que pode chegar de 3 a 5 mm. É muito eficaz, não deixa nenhuma marca pós-procedimento, e o efeito da sessão dura um ano. É um pouco doloroso, pois é o aparelho dermatológico que atinge a camada mais profunda da pele. Existem ultrassons microfocados que penetram não tão profundamente e prometem diminuir gordura. Mas não cumpre esse papel de modo muito eficaz. Esse tratamento é melhor indicado para lifting facial, de forma não invasiva.

*Dra. Mônica Aribi é dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. A médica é Mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, Membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e Coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. CRM: 53.387 | RQE: 35.101. Instagram: @dramonicaaribi

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