Marcella Garcez* Publicado em 29/06/2022, às 12h00
As baixas temperaturas geralmente vêm acompanhadas de um aumento no apetite ou a sensação de necessidade física de consumir alimentos que tragam conforto térmico e emocional pelo efeito do inverno, que se apresenta com dias mais curtos, noites longas e temperaturas mais frias.
Esses fatores interferem no metabolismo, pois o organismo precisa de temperatura estável para desempenhar com eficiência suas funções, além de também alterar a síntese e liberação de neurotransmissores, envolvidos em vários processos bioquímicos, inclusive a sensação de bem-estar. Deste modo, durante os dias de inverno, é mais comum que as pessoas experimentem um aumento na vontade de consumir alimentos hipercalóricos, além de maior sonolência e até a sensação de tristeza.
Uma mudança nas necessidades e hábitos alimentares são frequentes ao longo do inverno, porque o corpo passa a gastar mais calorias para se manter aquecido. Deste modo, há uma preferência por alimentos com maior concentração de calorias, como os ricos em açúcares e gorduras, para suprir o aumento do gasto energético. A vontade de alimentos mais calóricos, aliada à falta de disposição para a prática de exercícios físicos pode impactar negativamente as estratégias para o controle do peso corporal adotadas ao longo do ano.
No entanto, o inverno é uma ótima época do ano para quem quer emagrecer, já que as baixas temperaturas potencializam o gasto calórico, acelerando a queima de gordura. Por isso, se cuidados com a alimentação forem tomados, aliados à prática de atividade física regular, a perda de peso pode ser mais rápida que em períodos quentes do ano.
Na hora de planejar a dieta do inverno, não há necessidade de abandonar todas as delícias típicas dos dias mais frios, como o chocolate quente, por exemplo, que pode ser adaptado para uma versão mais saudável, com o uso de chocolate 70% ou cacau 100%, com leites reduzidos em gordura ou vegetais. Aliás, os líquidos aquecidos, como cafés, chás, sopas e caldos, são ótimas opções para manter conforto térmico, com menor concentração calórica.
Outro grande segredo é manter uma alimentação o mais natural possível, com a inclusão de carboidratos complexos e gorduras boas, como as encontradas nas castanhas, amêndoas, sementes como chia e linhaça, azeite de oliva e abacate, lembrando que eles não devem ser consumidos livremente, pois concentram calorias.
Outra dica diz respeito ao consumo de frutas, que podem ser cozidas ou assadas e consumidas aquecidas, como as bananas, maçãs e peras, que podem ser acrescidas de especiaria, como canela e cravo, que além de agregar sabor, ajudam a aumentar a termogênese.
Para matar a vontade de consumir doces, as frutas secas também são muito bem-vindas na estação, lembrando que, como as castanhas, as frutas desidratadas podem concentrar calorias e devem ser consumidas com parcimônia. Para ajudar a reduzir a vontade de comer doces nos dias frios, uma dieta fracionada e equilibrada em nutrientes deve ser adotada, pois longos períodos de jejum, ao longo do dia, podem aumentar o risco de compulsão por alimentos mais calóricos.
Refeições aquecidas com quantidades adequadas de alimentos fontes de proteínas, fibras alimentares e gorduras boas, são responsáveis por maior e mais sustentada sensação de saciedade que as refeições ricas em carboidratos simples e gorduras, portanto são as melhores e mais saudáveis opções para os dias de inverno. Veja também:
*Marcella Garcez é médica nutróloga, mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR. Diretora e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do Conselho Regional de Medicina do PR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética e da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento. Instagram: @dra.marcellagarcez
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