Redação Publicado em 04/04/2022, às 10h00
Não importa se você já trabalha e vive no mundo corporativo; ou se está se preparando para prestar vestibular ou um concurso público. Com certeza, em algum momento, deve ter lido em algum post motivacional ou mesmo ouvido a famosa frase: “trabalhe enquanto eles dormem”.
O chamado jargão motivacional passa a ideia de que, para se alcançar objetivos pessoais e profissionais e, mais que tudo, estar à frente de todas as outras pessoas, você precisa usar o seu tempo de descanso para produzir de alguma forma, pois só assim atingirá seus objetivos.
Pois este mantra, na mesma velocidade que apareceu em vários lugares, vem sendo desprezado por pessoas tão diferentes quanto influencers, gestores e até mesmo famosas lideranças. Isso porque muitos perceberam que em um mundo mais efêmero e multiestimulado, o descanso mental é fundamental e urgente para ter uma boa qualidade de vida.
Este tipo de discurso é perigoso, pois, além de subestimar a importância do descanso, incrementa o ritmo de cobrança em todos os níveis e idades. A neurocientista do Supera, Livia Ciacci, explica que este tipo de ensinamento gera, em primeiro lugar, uma tensão física e o cansaço mental motivado pela rotina repetitiva e a pressão dos prazos. Isso ocorre porque a pessoa se mantém em um ritmo de cobrança constante e vai se tornando cada vez mais sensível aos estímulos, chegando, por exemplo, a ficar irritada em circunstâncias nas quais, normalmente, não se irritaria.
Você já deve ter percebido que, diariamente, nosso cérebro é colocado frente a diferentes desafios para resolver questões em casa, no trabalho ou nos estudos. E, no mundo atual, a rotina tem exigido múltiplas habilidades e tarefas a serem desempenhadas, o que faz com que o cérebro precise se esforçar – e muito – para “dar conta” de tudo.
Quando não tiramos um tempo para descansar e o esforço acontece constantemente, o cérebro passa a entender tudo como ameaça. O resultado não poderia ser outro, temos um aumento do estado de alerta, o cérebro manda o corpo liberar hormônios, como a adrenalina por exemplo, que faz com que os músculos se contraiam.
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Daí em diante, surge o efeito dominó: músculos contraídos comprimem nervos, o que leva ao surgimento de dores no corpo. Já os pensamentos acelerados começam a modificar a qualidade do modo como dormimos porque, nessas condições, o cérebro não consegue passar pelas fases normais do sono, não alcançando, de fato, o descanso. Daí, começam a aparecer mudanças comportamentais, como perda de interesse em coisas que davam prazer e outros sintomas de ansiedade.
Percebeu como “trabalhe enquanto eles descansam” não é exatamente uma questão de motivação, mas, sim, fisiológica? Descansar seu corpo e mente, na verdade, vai contribuir para o seu desenvolvimento em curto prazo. A neurocientista listou cinco grandes motivos para você descansar mais e melhor a partir de agora:
Tome melhores decisões
Vários estudos demonstraram que a fadiga faz com que nossas decisões sejam ruins e isso é levado muito a sério em algumas profissões, como, por exemplo, os pilotos de avião.
Memorize mais facilmente
As emoções e o estado de ânimo influenciam diretamente na capacidade de memorização de episódios e informações, quanto mais cansado, menos memória.
Seja mais criativo
Criatividade é uma ação que depende de processamentos em segundo plano, fora da consciência, e eles acontecem principalmente nos momentos de descanso.
Previna a doença de Alzheimer
Manter um ritmo saudável de descanso e sono facilita os processos de limpeza dos restos metabólicos que ficam no tecido cerebral após atividade mental intensa, e isso previne desordens como o Alzheimer.
Tenha mais amigos
Por último e não menos importante, um cérebro descansado é mais bem-humorado e será capaz de socializar melhor, uma vez que terá mais chances de ver a vida com empolgação.
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