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Sono é essencial para a vida de jovens que sofrem bullying

Sono insuficiente em adolescentes está associado ao aumento do risco de automutilação e ideias de suicídio - iStock
Sono insuficiente em adolescentes está associado ao aumento do risco de automutilação e ideias de suicídio - iStock

Um estudo prestes a ser apresentado na próxima semana durante a conferência anual sobre o sono Sleep 2024, nos EUA, dá uma ideia da importância que dormir bem pode ter na vida das pessoas, em especial dos jovens. O trabalho descobriu que o sono é um fator de proteção contra o suicídio para adolescentes que sofrem bullying pela internet ou na escola.

O estudo envolveu uma análise de dados do Sistema de Vigilância de Comportamentos de Risco Juvenis de 2021, que envolvia uma amostra representativa do país, com 17.134 participantes de 12 a 18 anos de idade.

Bullying, sono e saúde mental

Desse total, 15% dos adolescentes relataram ter sofrido bullying na escola e 16% foram intimidados eletronicamente; 10,2% relataram ter tentado suicídio no último ano; e 77,3% não aderiram às recomendações de sono. (A Academia Americana de Medicina do Sono recomenda que os adolescentes durmam de 8 a 10 horas regularmente).

Adolescentes que relataram 4 horas ou menos de sono por noite tiveram duas vezes mais chances de tentar o suicídio, e a duração do sono moderou significativamente a associação entre bullying na escola e as tentativas de acabar com a própria vida. Os resultados foram ajustados para possíveis fatores de confusão, incluindo sexo, idade, raça/etnia, tempo de tela e problemas de saúde mental.

“O suicídio de adolescentes e as tentativas de suicídio constituem uma grave crise de saúde pública nos Estados Unidos”, disse a autora principal Marie-Rachelle Narcisse, que tem doutorado em saúde pública e é professora assistente da Universidade Brown.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre adolescentes entre 14 e 18 anos de idade. E o sono insuficiente em adolescentes está associado ao aumento do risco de automutilação, pensamentos suicidas e tentativas de suicídio.

Adolescentes que sofreram bullying na escola ou eletronicamente tiveram três vezes mais probabilidade de tentar o suicídio em comparação com aqueles que não sofreram bullying. Aqueles que não relataram bullying mostraram probabilidade reduzida de tentar suicídio à medida que a duração do sono aumentou para 7 horas, e a probabilidade permaneceu constante com mais horas de sono.

Segundo Narcisse, os resultados enfatizam que a duração do sono é um alvo importante para intervenções contra o suicídio em adolescentes. E mostram que dormir bem pode ter uma importância maior do que muita gente imagina.

Saúde mental: onde buscar ajuda

Existem alguns serviços muito bacanas com os quais você pode contar caso precise de ajuda ou queira ajudar alguém próximo. Um deles é o CVV (Centro de Valorização à Vida), que você pode acessar ligando no 188 ou pelo site (cvv.org.br). Inclusive há um chat que pode ser usado para se conectar com alguém.

Outro site que oferece esse tipo de serviço é o Mapa da Saúde Mental (mapasaudemental.com.br), com várias opções de ajuda.

Você também pode buscar auxílio profissional dos CAPS, nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde), ou no setor de psiquiatria dos hospitais. 

Se você suspeitar de uma emergência, não hesite: ligue para o SAMU (192), ou procure um serviço de emergência (em pronto-socorros, hospitais ou numa UPA 24H).

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin