Pesquisa sugere que pessoas de 70 a 80 anos “em forma” são menos propensas a sofrerem comprometimento cognitivo
Redação Publicado em 11/02/2022, às 17h00
Um novo artigo realizado pela Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e publicado na revista Sports Medicine revelou que estar “em forma” pode proteger contra o prejuízo cognitivo leve em pessoas mais velhas.
Este é apenas um dos três artigos realizados pela instituição e que mostram como é importante para o cérebro manter a boa forma física à medida que envelhecemos. Todas as análises foram baseadas em dados do estudo “Geração 100”, uma das maiores pesquisas de treinamento para idosos do mundo.
Os participantes foram acompanhados durante cinco anos. Homens e mulheres que mantiveram ou aumentaram sua aptidão física ao longo da pesquisa tiveram melhor saúde cerebral do que aqueles cuja aptidão diminuiu no mesmo período.
O teste cognitivo realizado nos participantes é o mesmo utilizado para verificar se as pessoas estão em risco de desenvolver demência. Ele avalia a memória de curto prazo, a função de execução e a capacidade de se orientar no tempo e no espaço. Se a pontuação for abaixo de um certo número, indica risco de comprometimento cognitivo leve.
Segundo os pesquisadores, já se sabe que o prejuízo cognitivo leve pode levar à demência em alguns indivíduos.
A pesquisa também realizou ressonâncias magnéticas no cérebro dos participantes para ver como o volume do cérebro e a espessura do córtex cerebral mudaram ao longo do estudo. Aqui, também, os participantes mais ativos se saíram melhor.
A equipe explicou que aqueles que estavam “em boa forma” no início da pesquisa tiveram um córtex cerebral mais espesso após os cinco anos em comparação com aqueles que não se mantiveram em movimento durante esse período.
O córtex cerebral é a camada mais externa do cérebro e é importante para várias funções cerebrais, como atenção, capacidade de fazer escolhas, memória de trabalho, pensamento abstrato e memória.
Esta parte do cérebro torna-se mais fina com a idade e o afinamento do córtex cerebral em diferentes áreas está ligado a diferentes tipos de demência, como a doença de Alzheimer e a demência frontotemporal.
Confira:
No estudo, idosos de 70 a 77 anos foram divididos em quatro equipes e convidados a participar de exercícios de vários tipos ao longo dos cinco anos.
Enquanto dois grupos fizeram treinos de alta intensidade ou moderada de forma organizada, isto é, com acompanhamento, as outras duas partes foram orientadas a fazer atividade física por conta própria, seja através de caminhadas ou seguindo as recomendações das autoridades de saúde de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana.
O objetivo dos pesquisadores era olhar para além da conexão entre o condicionamento físico e a saúde cerebral, investigando também se o tipo de acompanhamento de treinamento (treinar em grupo ou por conta própria) que os participantes receberam fez diferença.
Ekaterina Zotcheva, uma das responsáveis pelo estudo, avaliou:
Os homens e mulheres que mantiveram ou aumentaram sua aptidão física durante o estudo tiveram melhor saúde cerebral do que aqueles cuja aptidão diminuiu ao longo dos cinco anos".
Em geral, de acordo com a pesquisa, o mais importante é realmente treinar de uma maneira que aumente o condicionamento físico, independentemente do tipo de exercício realizado para alcançar essa meta.
“Nossos resultados mostram que o acompanhamento do treinamento organizado pode ter dado aos homens mais velhos, mas não às mulheres mais velhas, melhor função cognitiva e diminuiu a probabilidade de comprometimentos cognitivos leves. Mas, em suma, parece que o mais importante é que você realmente treine de uma maneira que aumente sua forma física, independentemente de obter ajuda organizada para ser fisicamente ativo ou não”, completou.
Ainda vale a pena notar que os participantes de 70 a 77 anos, em média, tinham as mesmas habilidades cognitivas identificadas no início do projeto mesmo passados cinco anos. Muitos, inclusive, melhoraram em alguns dos testes. Esses resultados ressaltam ainda mais que estar em boa forma física é essencial para manter uma boa função cerebral.
Segundo os pesquisadores, vários caminhos podem levar a esse objetivo e o fator mais importante é encontrar uma atividade que a pessoa goste e possa continuar com o passar do tempo.
Para manter ou aumentar a forma física, o indivíduo deve, em qualquer caso, se exercitar regularmente de uma maneira que aumente a frequência da sua respiração e provoque transpiração.
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