Estudo sugere que melhorar a autoestima e a relação entre pais e filhos pode evitar maiores problemas
Redação Publicado em 22/04/2021, às 19h00
Uma pesquisa revelou que traumas na infância – antes dos nove anos de idade – como conflito parental, morte de algum familiar próximo ou violência, estão associados a problemas de sáude mental no final da adolescência.
Entretanto, o estudo também mostrou que melhorar a relação entre pais e filhos poderia evitar os transtornos, mesmo em crianças que sofreram adversidades severas no início da vida. A melhora da autoestima e o aumento dos níveis de atividade física poderiam ajudar, da mesma forma, a reduzir os riscos.
O estudo, liderado por pesquisadores da RCSI University of Medicine and Health Sciences (Irlanda), foi publicado recentemente na revista Psychological Medicine.
A equipe analisou dados de mais de 6.000 crianças irlandesas que participaram de um estudo chamado “Growing Up in Ireland” (ou "Crescendo na Irlanda"). Os resultados mostraram que um pouco mais de um quarto dos participantes haviam experimentado alguma adversidade na infância antes dos nove anos de idade.
Aos 17 e 18 anos, quase um em cada cinco jovens estava enfrentando dificuldades significativas de saúde mental: 15,2% desenvolveram problemas que os especialistas chamam de internalizantes, como depressão e ansiedade, e 7,5% apresentaram questões externalizantes, como problemas de comportamento e hiperatividade.
Diante dos resultados, os pesquisadores perceberam que quem vivenciou algum tipo de trauma na infância teve um aumento significativo na tendência a relatar problemas de saúde mental no fim da adolescência.
De acordo com os autores, o conflito entre pais e filhos explicou 35% da relação entre as adversidades no início da vida e os problemas de comportamento quando adolescentes. Essa questão também respondeu a 42% da associação entre os traumas infantis e dificuldades como ansiedade e depressão.
A autoestima da criança e o nível de atividade física explicaram 27% e 9%, respectivamente, a relação entre as adversidades e os problemas internalizantes.
Segundo os pesquisadores, as crianças que vivenciaram eventos traumáticos de diferentes tipos ou considerados graves têm um risco aumentado de apresentar transtornos de saúde mental, porém nem todas as que são expostas desenvolvem tais problemas. Assim, a pesquisa aponta para alguns fatores que possam ser úteis para compensar o risco mais alto.
Entre as crianças que experimentaram algum trauma, foi observado que reduzir o conflito entre pais e filhos e promover uma relação afetuosa podem protegê-los de uma ampla gama de problemas de saúde mental futuros.
Além disso, a autoestima e o incentivo às atividades físicas também aparecem como alternativas de prevenção para possíveis dificuldades com o humor e ansiedade, mesmo após a criança ter enfrentado alguma adversidade no início da vida.
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