Redação Publicado em 31/10/2022, às 13h00
Codependência, relacionamentos tóxicos e narcisismo são todos termos psicológicos que entraram para as conversas cotidianas. Tudo isso, além de características de personalidade, podem determinar uma tendência a desenvolver um apego pouco saudável em relação ao parceiro romântico, ou, em português claro, fazer com que a pessoa se torne "grudenta" ou "pegajosa".
O que leva uma pessoa a agir dessa forma? Não é apenas imaturidade, embora a inteligência emocional e o nível de maturidade definitivamente influenciem o comportamento. Também não é a mesma coisa que passar muito tempo com seu parceiro ou querer vê-lo o tempo todo.
O que é ser "pegajoso"?
Agir dessa forma tende a ser resultado de problemas de apego e relacionamentos passados que foram emocionalmente dramáticos. Ser "grudento" não é tão grave quanto ser codependente, mas pode ser um sintoma desse estilo de relacionamento doentio. Se você não tem certeza se está agindo dessa forma, confira os seguintes sintomas:
A codependência refere-se ao estado de necessidade de que outra pessoa o valide, dependa de você e faça sacrifícios para que prove seu amor por você. É um padrão de relacionamento disfuncional que pode envolver apego quando seu parceiro não está presente. Se você é "pegajoso" em um relacionamento específico, ou em certos momentos da sua vida em que não está no seu melhor, pode ser porque está inseguro, ou talvez seu parceiro seja a pessoa errada para atender às suas necessidades. Se você é assim em todos os seus relacionamentos, como regra, pode ser que confunda codependência com amor verdadeiro.
-Você é jovem: se você é um adolescente ou está nos seus 20 e poucos anos, provavelmente experimenta emoções fortes com altos e baixos intensos. "Grudar" no parceiro pode ser um comportamento normal nessa idade, especialmente se você ainda está descobrindo quem é, navegando em sua sexualidade ou morando sozinho pela primeira vez. Se já passou da adolescência e ainda está se sentindo instável nos relacionamentos, tem dificuldade em ficar bem ao se separar de seu parceiro, isso pode representar um problema mais profundo.
-Sua família de origem era disfuncional: o apego excessivo, assim como a codependência, pode ser o resultado de ter crescido com pais e familiares mais velhos que exibiram esse comportamento. Por exemplo, se seus pais tinham ciúmes de seus amigos, ou se você foi repreendido por não “provar” seu amor a um membro da família, você pode ter uma perspectiva distorcida sobre o que é expressar sentimentos de forma saudável.
-Você tem um trauma de relacionamento passado: se alguém que amava abusou de você, ou partiu de repente, você pode se tornar "pegajoso" e inseguro quando se trata de novos parceiros. Felizmente, é possível se curar de traumas de relacionamentos passados com o tempo e o autoconhecimento.
-Você tem um estilo de apego doentio: ter um estilo de apego ansioso, que provavelmente se desenvolveu como resultado de seu relacionamento com um ou ambos os pais, pode tornar o apego uma reação instintiva nos relacionamentos.
É impossível mudar o comportamento se você não entender por que sente a necessidade de buscar constante confirmação ou validação de seu parceiro. Siga os seguintes passos para desenvolver uma mentalidade mais saudável:
1. Descubra qual seu estilo de apego
John Bowlby foi um psicólogo britânico que desenvolveu a ideia da teoria do apego – o conceito de que a maneira como nos relacionamos com outras pessoas tem suas origens em nossa infância. A seguir estão três estilos de apego que podem contribuir para – ou entrar em conflito com – relacionamentos saudáveis:
=Apego seguro: essas pessoas são emocionalmente saudáveis e têm uma boa noção de quem são e do que querem em um relacionamento. Elas se veem como indivíduos independentes de seus parceiros, entendem os limites emocionais e geralmente são confiantes em relacionamentos românticos.
=Apego ansioso: essas pessoas podem não ter suas necessidades básicas atendidas na infância. Podem até ter sido abandonadas por um dos pais. Como resultado, podem ser "pegajosas", com medo do abandono (mesmo quando não há ameaça real) e preocupadas com os pensamentos do parceiro.
=Apego evitativo: essas pessoas podem ser desdenhosas ou rejeitar completamente um parceiro em potencial, ou podem ter receio de se envolver porque têm medo de um possível abandono. Elas podem querer ser amadas e cuidadas, mas resistem a se envolver em um relacionamento para evitar se machucar.
2. Mantenha um diário de apego
Pode ser esclarecedor (embora um pouco embaraçoso) observar quando você se sente mais "pegajoso", o que despertou o sentimento e o que fez em resposta. O diário é especialmente útil se tiver problemas para entender o que desencadeia seu apego – ou se vários parceiros ou amigos se referem a você como pegajoso, mas não sabem por quê.
3. Encontre um terapeuta
Às vezes, para quebrar padrões de comportamento insalubres é preciso contar com um profissional de saúde mental qualificado. Se o apego é um padrão em sua vida e isso o incomoda, procure um profissional especializado em relacionamentos, ou terapia cognitivo-comportamental. Existem muitos tipos de psicoterapia, então você pode precisar fazer uma pesquisa para descobrir qual tipo é mais indicado ao seu caso.
Sim. Pessoas com estilos de apego ansiosos e evitativos podem se tornar seguras com tempo, esforço e, muitas vezes, a ajuda de um parceiro romântico mais seguro. Afinal, se você nunca viu um relacionamento saudável (por exemplo, se seus pais eram codependentes, autoritários ou negligentes), será difícil desenvolver um sem assistência.
Se você sente que tem um estilo de apego ansioso, é muito importante evitar parceiros em potencial que tenham um estilo de apego evitativo: esses sempre ficarão ao alcance do braço, resistirão a se abrir para você e talvez até desapareçam por dias sem aviso prévio. Todos esses comportamentos de evitação, além de não serem saudáveis em geral, farão você se sentir mais ansioso em relação ao seu relacionamento e trará à tona seu apego.
É possível encontrar um relacionamento saudável que faça você se sentir feliz e seguro. Procure um parceiro que demonstre qualidades de apego seguro, como saber quando lhe dar espaço, comunicar-se com empatia e demonstrar maturidade emocional. Trabalhe em si mesmo e descubra a causa de seu apego. Não tenha medo de procurar ajuda profissional se precisar.
Fonte: WebMD
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