O número de foliões só cresce a cada Carnaval. E para conseguir acompanhar a maratona de bailes, bloquinhos e trios elétricos é imprescindível prestar atenção a vários sinais para não ter de ir embora antes da hora. Um dos problemas mais comuns dessa época é a desidratação. Diminuição do volume de urina, xixi mais escuro, mal-estar e aquela sensação de boca seca podem ser sinais de desidratação.
A desidratação surge quando o corpo recebe menos água do que o necessário para funcionar, causando uma baixa concentração de substâncias importantes, como sais minerais e eletrólitos. Existe uma espécie de sofrimento celular e um grande trabalho de todo o organismo para equilibrar as funções do corpo com o déficit de água, que também fica com a sua capacidade de regulação da temperatura comprometida. Com isso, as pessoas ficam mais suscetíveis à vasodilatação, o que pode derrubar a pressão arterial, dificultando a circulação sanguínea, podendo prejudicar o coração e outros órgãos, como os rins.
E isso é particularmente perigoso para quem tem problemas cardíacos pré-existentes, e que nem sempre são conhecidos. Elas podem ter um quadro mais grave que pode evoluir para um infarto ou até mesmo um acidente vascular cerebral. Pacientes diabéticos também devem ter atenção, pois com a desidratação podem ficar gravemente descompensados.
Além do baixo consumo de água, a perda de líquidos do corpo pode ser acelerada devido à transpiração, ao esforço físico da caminhada e da dança, pela alimentação inadequada, uso de roupas quentes e ingestão de bebidas alcoólicas. O ideal é fazer a ingestão de líquidos com certa frequência, não apenas quando apresentar algum dos sintomas citados.
Bebidas alcoólicas, muito consumidas no Carnaval, inibem a produção de hormônios antidiuréticos e ajudam na desidratação, por isso, devem ser consumidas com moderação e de forma concomitante com água. Mesmo que uma cerveja, por exemplo, passe a sensação de frescor por estar gelada, ela não está hidratando seu corpo, é preciso ficar atento. É preciso lembrar que as mulheres têm uma maior sensibilidade ao álcool do que os homens, então, atenção às quantidades, especialmente quando se está em grupo.
E a ressaca? Ela pode ser um sintoma de desidratação, então é importante reforçar a hidratação do corpo após as festas, descansar bastante e fazer refeições leves.
1-Atividade física: seja ativo nos dias que antecede a folia, seja dançando ou caminhando, isso ajudará a manter a saúde e a energia durante o feriadão prolongado;
2-Hidrate-se antes, durante e depois da folia: o ideal beber pelo menos dois litros de água ao dia para evitar a desidratação. Caso ainda não seja hábito, comece alguns dias antes para que o metabolismo possa se adaptar. Qualquer mudança é sintomática e pode ter reação do organismo. Priorize água, água de coco, sucos naturais e isotônicos;
3-Mantenha uma alimentação leve e regular, sem pular refeições: evite alimentos gordurosos ou muito processados. Prefira opções ricas em vitaminas e minerais para ajudarem a fortalecer o sistema imunológico, aumentando a resistência a infecções e promovendo bem-estar. Prefira refeições equilibradas e de fácil digestão, incluindo legumes, verduras e frutas como a melancia;
4-Use roupas leves, confortáveis e de tecidos respiráveis. O mesmo vale para os calçados, melhor investir em tênis que não apertem os pés, mas que os protejam;
5-Caso consuma bebidas alcoólicas, beba com moderação e faça a ingestão de água;
6-Evite a exposição ao sol nos horários com temperaturas mais altas e sempre use protetor solar;
7-Descanse e respeite os limites do seu corpo: durma o suficiente antes do Carnaval para que o corpo esteja preparado para aproveitar a festa. A qualidade do sono é fundamental para a saúde, pelo menos de sete a oito horas por noite.
8-Não infrinja as Leis de Trânsito: ultrapassagens arriscadas e desrespeito às normas de trânsito aumentam o risco de acidentes graves. O trânsito caótico do Carnaval exige atenção redobrada. O respeito às leis pode salvar vidas;
9-Não beba antes de dirigir:a combinação de álcool e direção é muito perigosa. A embriaguez ao volante é uma das principais causas de acidentes no Carnaval, já que ela diminui os reflexos do condutor, mesmo quando ele tem a sensação de que bebeu pouco. Utilize alternativas seguras, como táxis, aplicativos de transporte ou o motorista da rodada;
10-Dormir e dirigir: a falta de sono também compromete os reflexos. A exaustão aumenta o risco de acidentes. Descansar antes de assumir o volante é crucial. No Carnaval, é muito comum as pessoas ficarem acordadas de madrugada e terem sua rotina de sono totalmente alterada. Nessas situações, novamente, o correto é optar por uma carona ou serviço de transporte por aplicativo.
11- Mais atenção em locais com água: o descuido em ambientes aquáticos pode resultar em tragédias, principalmente quando há consumo de bebida alcoólica. É fundamental respeitar as sinalizações e supervisionar crianças, que devem estar à distância de um toque do adulto, e não apenas em sua área de visão. Além disso, é importante que um adulto fique responsável pela criança e, obviamente, que ele não consuma bebida alcoólica. Quando há várias pessoas responsáveis, uma acha que a outra está cuidando e a criança acaba ficando sem supervisão. No caso dos adultos, é fundamental obedecer aos alertas sobre locais perigosos em praias, estar atento às orientações dos salva-vidas e não entrar na água se ingeriu bebida alcoólica. O afogamento é uma ocorrência comum e grave, mas evitável.
12-Não saia com pessoas desconhecidas: a festa é um momento de descontração, mas a segurança deve ser prioridade. Evite sair sozinho com desconhecidos para prevenir situações de risco. Pessoas violentas não carregam uma placa com esse alerta. Aqui, vale outra dica: não se envolva em brigas. Nunca sabemos com quem estamos lidando, se a pessoa está armada ou não.
13-Nao fique bêbado: o consumo excessivo de álcool aumenta a vulnerabilidade a acidentes. A embriaguez compromete os reflexos, a tomada de decisões e pode resultar em lesões graves, tanto no trânsito quando em outras situações, como na rua, na praia, etc;
14-Evite andar em lugares muito aglomerados: grandes multidões podem se tornar perigosas. Empurrões, quedas e situações de pânico são comuns em aglomerações e aglomerações são muito comuns nos bloquinhos de rua. Não é que uma pessoa não possa participar, mas é importante estar atenta. E preste atenção também ao calor, que costuma se intensificar em lugares cheios, e podem causar sérios problemas, inclusive desmaios;
15-Nunca aceite bebidas de estranhos e não pratique sexo sem preservativo: essas práticas podem expor os foliões a riscos de intoxicação e infecções sexualmente transmissíveis. A prevenção é a melhor forma de evitar consequências graves.
A ressaca é causada por uma combinação de fatores, incluindo, como já dito, a desidratação, além da inflamação no cérebro e de desequilíbrios químicos no corpo. Alguns sintomas comuns incluem dor de cabeça, náusea, fadiga, dificuldade para se concentrar e sensibilidade à luz e ao som. Então, para evitar essa “fadiga” toda ou amenizar o mal-estar, siga algumas recomendações. São elas:
-Beba água: tente beber pelo menos um copo de água a cada hora de consumo de álcool;
-Coma antes de beber: ingerir uma refeição saudável ajuda a absorver o álcool de maneira mais lenta;
-Prefira bebidas de baixa concentração alcoólica: cervejas de baixa graduação alcoólica e vinhos brancos são menos propensos a causar ressaca do que bebidas com alta concentração de álcool, como destilados e vinhos tintos;
-Beba com moderação: limite a quantidade de álcool que você consome em uma sessão de bebidas, faça pausas ao longo da folia.
Os profissionais de saúde percebem no dia a dia dos hospitais que as pessoas nunca acham que situações graves vão acontecer com elas. Por isso, é importante ter responsabilidade. O Carnaval é uma época festiva, em que todos estão alegres, mas que, muitas vezes, os limites não são respeitados. Assim, as dicas acima servem para que as pessoas possam pensar nelas com antecedência e saber que suas decisões fazem total diferença na prevenção de acidentes. Caso apresente forte mal-estar ou sintomas de forma mais grave é importante procurar um serviço de saúde para atendimento médico.
Fontes:
Andrea Almeida, infectologista do Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual (Iamspe).
Bruno Pereira é CEO do Grupo Surgical Serviços Médicos e coordenador do Centro de Trauma do Hospital São Luiz Campinas.
Elaine Dias JK é metabolista e PhD em endocrinologia pela USP.
Cármen Guaresemin
Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão. @Carmen_Gua