Estudo reforça a importância da qualidade do sono para a saúde física e mental
Tatiana Pronin Publicado em 20/09/2023, às 09h00
Estudantes de classe social mais alta podem ter uma saúde melhor devido, em parte, a padrões de sono superiores em comparação com seus pares de classe social mais baixa. A conclusão é de um estudo com universitários australianos e irlandeses, publicado no periódico British Journal of Psychology.
Classe social tem a ver com status socioeconômico, e envolve fatores como renda, riqueza, ocupação, educação e influência social. Em geral, pessoas de classes sociais mais altas desfrutam de mais privilégios, oportunidades e recursos do que aqueles em classes mais baixas.
Pesquisas anteriores já tinham indicado que indivíduos de classes sociais mais altas geralmente têm uma saúde mental e física superior em comparação com aqueles de classes sociais mais baixas. Pessoas com menor renda têm, por exemplo, uma expectativa de vida dois anos menor do que pessoas de classes sociais mais altas.
A pesquisadora Romany McGuffog e seus colegas decidiram analisar se características do sono poderiam explicar, ao menos em parte, as disparidades de saúde observadas entre as classes sociais. A equipe também queria avaliar a influência da classe social na capacidade dos estudantes de melhorar a qualidade do seu descanso.
Três experimentos foram realizados com estudantes de cinco grandes universidades australianas, uma universidade irlandesa e um colégio técnico australiano. Os autores incluíram especificamente instituições com um número significativo de estudantes de baixa renda para garantir uma representação diversificada das classes sociais.
Dos 1.450 estudantes que participaram, mais de 80% eram do sexo feminino, com uma idade média de aproximadamente 23 anos. A maioria se identificou como branca. Os estudantes universitários receberam créditos para seus cursos por sua participação, enquanto aqueles do colégio técnico foram incluídos em um sorteio para 11 certificados de presente no valor de $150 cada. Todos forneceram detalhes sobre sua educação, classificaram o status de seus pais, compartilharam sua condição socioeconômica na infância e avaliaram seu status social subjetivo.
Os participantes também completaram avaliações das características do sono e da saúde geral, incluindo perguntas sobre qualidade e duração do sono, preocupações antes de dormir e variabilidade da rotina (por exemplo, ir para a cama e acordar em horários diferentes durante a semana ou nos fins de semana). Por fim, eles tiveram sua saúde física e mental avaliada por meio de questionários.
Os resultados mostraram que os jovens de classes sociais mais altas têm menos problemas de saúde, menor angústia, autoestima melhor, melhor qualidade do sono, duração menor de sono, menos preocupações antes de dormir e uma rotina de sono mais consistente.
Análises detalhadas demonstraram que as questões envolvendo o sono podem intermediar a relação entre classe social e saúde. Essas correlações persistiram mesmo quando levando em consideração possíveis fatores de confusão, como gênero, etnia, preferências noturnas e níveis de atividade física. O estudo também descobriu que estudantes de classes sociais mais baixas sentiam que seria mais desafiador melhorar seus ambientes de sono.
Para os autores, há evidências robustas de que intervenções no sono podem melhorar a qualidade do descanso, bem como a saúde mental. Dado que pessoas de origens de classe social mais baixa tendem a ter mais sintomas depressivos, e isso pode ser mediado por um sono ruim, intervenções não farmacológicas podem ser úteis para melhorar o sono e, consequentemente, a saúde dos jovens.
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