Adolescentes que passaram tempo fora de casa ou perto da natureza apresentaram maior resiliência
Redação Publicado em 09/03/2021, às 13h05
Um novo estudo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA, mostrou que atividades ao ar livre e em contato com a natureza ajudaram a neutralizar os impactos negativos na saúde mental dos adolescentes na pandemia de Covid-19.
O artigo, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, apontou, ainda, que praticar atividades ao ar livre a pode ser uma estratégia importante para ajudar aos jovens em situações de estresse, como uma pandemia e desastres naturais. Além disso, os pesquisadores ressaltaram as implicações no bem-estar que a falta desse tipo de recreação pode provocar.
Para a equipe, as famílias devem ser encorajadas a estimular atividades ao ar livre e junto à natureza como forma de preparar crianças e adolescentes para momentos desafiadores e ajudar na construção de resiliência mental, ou seja, a capacidade de lidar com adversidades.
O estudo, realizado de 30 de abril a 15 de junho de 2020, contou com 624 adolescentes com idades entre 10 e 18 anos. Todos foram questionados sobre os hábitos de recreação ao ar livre, tanto antes da pandemia, como depois que as medidas de isolamento social entraram em vigor nos EUA. Eles também responderam perguntas sobre sensações de bem-estar, felicidade e saúde mental.
Os resultados revelaram que a pandemia teve um grande impacto no bem-estar de muitos dos adolescentes participantes da pesquisa: 52% reportaram declínio na saúde mental e 64% dos jovens revelaram queda da participação em atividades ao ar livre durante os primeiros meses da quarentena. Apesar desses dados, 77% dos entrevistados acreditam que passar tempo fora fez com que lidassem melhor com o estresse associado à pandemia da Covid-19.
Segundo os pesquisadores, muitas dessas atividades ao ar livre ocorriam durante a escola e, portanto, precisaram ser interrompidas devido ao isolamento social, o que levou os adolescentes a ficarem menos tempo fora de casa.
Quando o estudo foi analisado de acordo com o tipo de atividade, como esportes, ciclismo, caminhadas ou corridas, houve diminuição de 41,6%. Já as práticas relacionadas à natureza como acampar, pescar e remar caíram 39,7%, e as atividades familiares ao ar livre foram reduzidas em 28,6%. Nos primeiros meses da pandemia, 60% dos adolescentes disseram que saíam pelo menos uma vez por semana de casa.
De acordo com os dados, houve declínio nos três tipos de reacreação ao ar livre, porém aquelas ligadas à natureza tiveram menor participação, tanto antes da pandemia como durante, o que pode mostrar a necessidade de mais acesso a espaços naturais, em geral.
Os resultados demonstram que há uma ligação entre o bem-estar e as atividades ao ar livre. As crianças que não saíram tanto durante a pandemia observaram um declínio nos níveis de bem-estar. Em contrapartida, aqueles que continuaram frequentando o lado de fora de casa antes e ao longo desse período foram capazes de manter índices mais elevados.
Os adolescentes que passavam muito tempo ao ar livre antes da pandemia mostraram-se mais resistentes a mudanças negativas, além de apresentarem menor probabilidade de sofrer uma redução no bem-estar durante o período do isolamento social.
Segundo os pesquisadores, os jovens que puderam brincar fora de casa ou se envolver com alguma atividade relacionada à natureza durante a pandemia mostraram níveis de bem-estar em pé de igualdade com os registrados antes da quarentena.
Os dados apontam para possíveis estratégias que possam ajudar crianças e adolescentes a atravessar futuros eventos globais que provoquem muito estresse, e ressaltam a importância de se garantir aos jovens o acesso às atividades ao ar livre.
Para a equipe de estudiosos, a participação em atividades que proporcionaram exposição à natureza, atividade física e interação social segura ao longo da pandemia são recursos poderosos para melhorar a resiliência dos jovens.
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