Pesquisa sugere ainda que reduzir o consumo pode diminuir as chances de desenvolver demência
Redação Publicado em 28/07/2022, às 16h00
As pessoas que comem maiores quantidades de alimentos ultraprocessados podem ter um risco maior de desenvolver um quadro de demência, de acordo com um novo estudo publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia.
Os pesquisadores também descobriram que substituir alimentos ultraprocessados por alimentos não ou minimamente processados estava associado à diminuição do risco.
Alimentos ultraprocessados são itens prontos para comer ou prontos para aquecer, ricos em açúcar, sódio, além de baixos níveis de fibras, proteínas, vitaminas e minerais. Eles normalmente contêm açúcares adicionados, óleos hidrogenados e melhoradores de sabor.
Alguns exemplos incluem petiscos e doces embalados, cereais de café da manhã açucarados, biscoitos, salgadinhos e embutidos. Quando consumidos em excesso, esses alimentos estão ligados a diversos problemas de saúde, como diabetes, obesidade e outras condições médicas graves, como certos tipos de câncer.
Segundo os pesquisadores, esses alimentos podem até parecer convenientes, práticos e saborosos, mas diminuem – e muito – a qualidade da alimentação.
Para o estudo, os autores contaram com mais de 72 mil pessoas do UK Biobank, um grande banco de dados que contém informações de saúde de meio milhão de pessoas que vivem no Reino Unido. Os participantes tinham 55 anos ou mais e não sofriam com demência no início do estudo. Eles foram acompanhados por uma média de dez anos e, ao final do estudo, 518 foram diagnosticados com a doença.
Ao longo da pesquisa, todos preencheram, pelo menos, dois questionários sobre o que comeram e beberam no dia anterior. Os pesquisadores determinaram quantos alimentos ultraprocessados as pessoas comiam calculando os gramas por dia e comparando com a ingestão de outros alimentos para criar uma porcentagem da dieta diária. Em seguida, os participantes foram divididos em quatro grupos, do menor para o maior consumo percentual de alimentos ultraprocessados.
Confira:
Os alimentos ultraprocessados compunham 9% da dieta diária das pessoas do grupo mais baixo, uma média de 225 gramas por dia, em comparação com 28% para os do grupo mais alto, ou uma média de 814 gramas por dia.
O principal grupo alimentício que contribuiu para a alta ingestão de alimentos ultraprocessados foram as bebidas, seguidas por produtos açucarados e laticínios ultraprocessados. No grupo mais baixo, 105 das 18.021 pessoas desenvolveram demência, contra 150 das 18.021 pessoas do grupo mais alto.
Após o ajuste por idade, sexo, histórico familiar de demência e de doenças cardíacas e outros fatores que poderiam afetar o risco de demência, os pesquisadores descobriram que, para cada aumento de 10% na ingestão diária de alimentos ultraprocessados, as pessoas tinham um risco 25% maior de demência.
A equipe também usou os dados do estudo para estimar o que aconteceria se uma pessoa substituísse 10% dos alimentos ultraprocessados por alimentos não processados ou minimamente processados, como frutas frescas, legumes, leguminosas, leite e carne. Eles descobriram que tal substituição estava associada a um risco 19% menor de demência.
Além disso, os resultados mostraram que aumentar o consumo de alimentos não processados ou minimamente processados em apenas 50 gramas por dia, o que equivale a meia maçã, simultaneamente com a diminuição dos alimentos ultraprocessados em 50 gramas por dia, equivalente a uma barra de chocolate, está associado a 3% de diminuição do risco de demência.
Para os pesquisadores, é encorajador saber que pequenas e gerenciáveis mudanças na dieta podem fazer a diferença na saúde das pessoas, incluindo as chances de desenvolver um quadro de demência.
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