Pesquisadores australianos encontraram evidências de que esta dieta pode diminuir sintomas de depressão
Redação Publicado em 19/05/2022, às 10h00
Ao longo dos últimos anos, a mediterrânea tornou-se rapidamente a dieta da vez. Pesquisas mostram que a maneira de consumi-la oferece vários impactos positivos à saúde, incluindo a melhora do microbioma intestinal, reduzindo riscos de derrame e ajudando a prevenir doenças como o Alzheimer. Os cientistas também associaram a dieta mediterrânea à redução dos riscos de depressão.
Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, agora encontraram evidências de que uma dieta mediterrânea também pode ajudar a melhorar os sintomas em homens jovens que vivem com depressão. O estudo foi publicado recentemente no American Journal of Clinical Nutrition.
Pesquisadores estimam que a depressão afete 3,8% da população mundial e o suicídio é a quarta principal causa de morte de jovens adultos de 15 a 29 anos. Também calculam que a depressão afete 5% da população adulta mundial, sendo que mulheres são quase duas vezes mais propensas a serem afetadas do que os homens. Embora ambos possam apresentar muitos dos mesmos sinais de depressão, eles também podem diferir. Por exemplo, um estudo sugeriu que os homens podem ser mais propensos do que as mulheres a manifestarem depressão por meio de sentimentos de raiva ou abuso de substâncias.
De acordo com Jessica Bayes, doutoranda na Faculdade de Saúde na Universidade de Tecnologia de Sydney e principal autora deste estudo, ela e a sua equipe decidiram se concentrar em homens jovens de 18 a 25 anos para este estudo porque os eles são muito menos propensos a procurarem ajuda para a sua saúde mental.
Os pesquisadores comentaram que é preciso urgência nas estratégias mais eficazes de tratamento baseadas em evidências para ajudar homens jovens com depressão e que a dieta pode ser um ótimo primeiro passo para a recuperação. Jessica e sua equipe conduziram um estudo de controle randomizado de 12 semanas com 72 participantes do sexo masculino com idades entre 18 e 25 anos com depressão moderada a grave.
Os participantes foram selecionados aleatoriamente e divididos em dois grupos. Um recebeu suporte dietético para aprender a consumir a dieta mediterrânea. O outro grupo foi submetido a uma intervenção chamada de "befriending" — cujo objetivo principal é fornecer suporte social adicional por meio de um relacionamento afirmativo e focado na emoção. Neste estudo, a pesquisadora conversou com os participantes do grupo sobre temas neutros, como filmes ou hobbies.
No final do estudo, os pesquisadores relataram que 100% dos participantes do grupo de apoio que usaram a dieta mediterrânea experimentaram uma melhora em seus sintomas de depressão. Neste grupo, 36% viram um declínio na Escala de Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), para uma pontuação de 0-10 (depressão baixa ou mínima). Embora também tenha havido um declínio na pontuação média no grupo que conversou sobre temas neutros, todas as pontuações dos participantes permaneceram no nível de depressão moderada a grave até o final do estudo.
De acordo com Jessica, embora evidências observacionais anteriores mostrem que a dieta mediterrânea seja útil na prevenção da depressão, este foi o primeiro estudo em homens jovens com depressão clínica a testar a dieta em um estudo experimental. Ela e os demais pesquisadores confessaram que ficaram surpresos com a rapidez com que os efeitos positivos foram vistos e com a disposição dos participantes em continuarem a dieta após o término da pesquisa.
Eles comentaram que quase todos os participantes permaneceram no programa e muitos estavam ansiosos para continuar a dieta assim que o estudo terminasse, o que mostra o quão eficaz, tolerável e válida eles consideraram a intervenção. Outros profissionais de saúde, não envolvidos no estudo, também concluíram que a dieta mediterrânea fornece um modelo biopsicossocial para o tratamento da depressão. Afinal, homens tendem a ter dietas ruins em geral e a consumir fast-food, que são nutricionalmente pobres e bem abaixo do ideal de alimentação.
Para eles, esse tipo de intervenção nutricional aborda aspectos biológicos e pode melhorar o status de micronutrientes e também o das proteínas, que são precursoras de neurotransmissores, como a serotonina. Também tende a ter um componente social em termos de preparação, a comida convida à colaboração, como uma parceria com familiares e amigos, e se torna um impulso social.
Além disso, a dieta mediterrânea pode ser uma mudança de estilo de vida mais fácil para as pessoas adotarem em comparação com outras dietas, como a cetogênica ou o jejum intermitente. Uma das razões pelas quais a dieta mediterrânea pode ser uma das intervenções nutricionais mais eficazes é que as pessoas tendem a mantê-la por ser mais fácil e saborosa.
Na verdade, as pessoas tendem a parar de fazer dietas de limitação quando saem de um estudo estruturado. É verdade que a comida precisa ser agradável, sustentável e social para que elas se sintam motivadas a consumi-la. Felizmente, a dieta mediterrânea se encaixa em tudo isso, além de ser muito nutritiva.
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