Pesquisadores descobriram que pessoas que seguem uma dieta no estilo mediterrâneo têm um risco menor de desenvolver hipertensão arterial do que quem não segue.
O estudo foi publicado no European Journal of Clinical Nutrition, e incluiu dados de pessoas que tiveram a saúde acompanhada por 20 anos.
A hipertensão, popularmente chamada de pressão alta, é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea exercida sobre as artérias. Para ser diagnosticado com a condição, é preciso que as pressões máxima e mínima sejam iguais ou ultrapassem 140/90 mmHg (ou ("14 por 9").
No Brasil, cerca de um em cada quatro adultos sofre de hipertensão, e a doença é comum a cerca de 65% dos idosos. Quando não tratada, a hipertensão pode levar a doenças cardíacas, derrames e até mesmo doenças renais.
Para reduzir ou controlar a hipertensão é importante fazer mudanças no estilo de vida, como ajustar a dieta e fazer mais exercício. Os médicos frequentemente prescrevem medicamentos como inibidores da ECA e betabloqueadores para manter a pressão sob controle.
Em relação às mudanças dietéticas, a recomendação é focar no consumo de alimentos à base de plantas. A dieta mediterrânea, que já se mostrou benéfica na prevenção de uma série de doenças, promove o consumo de vegetais, frutas, nozes, sementes, grãos integrais, legumes, óleos saudáveis e quantidades moderadas de peixe e frutos do mar.
Os pesquisadores da Escola de Ciências da Saúde e Educação da Universidade Harokopio de Atenas, na Grécia, decidiram realizar um estudo com duração de 20 anos para ver quais benefícios a adesão à dieta mediterrânea pode ter a longo prazo.
O estudo começou em 2002 e durou até 2022. Os pesquisadores convidaram 4.056 pessoas que viviam na Grécia para participar, e desse grupo, 3.042 se inscreveram.
A idade média dos participantes no início do estudo era de 41 anos, sendo 44% homens. Um dos requisitos para participar era que os participantes não poderiam ser hipertensos no início do estudo.
Os pesquisadores coletaram uma variedade de informações sobre os participantes no início do estudo. Eles garantiram que os participantes não tivessem doenças cardiovasculares, verificaram os níveis de glicose e colesterol, verificaram o peso corporal e a pressão arterial, e conduziram uma entrevista para avaliar seus hábitos alimentares e de estilo de vida.
Para ver como os participantes seguiram os aspectos da dieta mediterrânea no início do estudo, eles lhes atribuíram uma pontuação com base no consumo dos seguintes grupos de alimentos:
- frutas
- vegetais
- grãos integrais
- batatas
- legumes
- peixes
- azeite
Os participantes receberam pontos com base nesses grupos de alimentos. Pontuações mais altas indicavam melhor adesão à dieta. Os participantes poderiam perder pontos por consumir alimentos ou grupos alimentares "não mediterrâneos", incluindo produtos lácteos integrais, aves e carne vermelha.
Durante os 20 anos seguintes, os pesquisadores fizeram acompanhamentos com os participantes para avaliar sua pontuação, verificar seus sinais vitais e procurar o desenvolvimento de hipertensão, colesterol alto, diabetes e doenças cardiovasculares. A amostra final continha 1.415 participantes.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que seguiram mais à risca a dieta mediterrânea tiveram o menor risco de desenvolver hipertensão, de 8,7%.
Por outro lado, os participantes do grupo que tiveram a menor pontuação — e, portanto, se saíram pior em seguir a dieta — tiveram taxas de hipertensão de 35,5% no final do estudo. O grupo intermediário teve uma taxa de hipertensão de 22,5%.
Os resultados do estudo enfatizam a importância dos hábitos alimentares na redução do risco de desenvolver hipertensão. Também mostra que a dieta mediterrânea pode ser fundamental na redução do risco de hipertensão, ainda que seja necessário confirmar os resultados do estudo em outras populações.
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Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin