Pesquisadores dizem que associação existe mesmo se descontado o fator genético
Redação Publicado em 15/01/2021, às 20h36
Sofrer discriminação pode ser um fator de risco importante para desenvolver sintomas de ansiedade e transtornos associados ao quadro, independente da predisposição genética de um indivíduo. É o que mostra um estudo norte-americano.
O trabalho, publicado no periódico PNAS, foi realizado por pesquisadores das universidades de Tufts, Minnesota, Stony Brook e da Faculdade de Saúde Pública T.H. Chan, de Harvard, nos EUA.
Os resultados confirmam a hipótese de que a exposição a atitudes discriminatórias causa um estresse capaz de predispor a vítima a problemas de saúde mental, mesmo que não haja propensão genética aos transtornos.
Vale lembrar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior taxa de ansiosos do mundo. Nos EUA, os transtornos de ansiedade afetam mais de 40 milhões de pessoas a cada ano, de acordo com o estudo.
A equipe analisou dados de cerca de 1.500 adultos de 25 a 74 anos de idade, sendo que 49% eram mulheres. Foram usadas três escalas diferentes para medir experiências de discriminação ou exclusão social, como ser tratado mal em lojas ou restaurantes, ser desencorajado por professores a tentar o ensino superior ou ouvir piadas sexistas ou racistas do chefe, por exemplo.
Mesmo depois de contabilizar questões que indicam maior propensão genética à ansiedade, além de fatores sociodemográficos capazes de interferir no risco, os pesquisadores ainda encontraram uma forte relação entre discriminação e quadros ansiosos.
Os dados reforçam a ideia de que combater a discriminação é algo que pode ter impacto positivo na saúde mental da população como um todo. Até porque a ansiedade é um dos transtornos mentais mais prevalentes em todo o mundo.
Os autores observam que existem algumas limitações importantes no estudo, como o fato de que a maioria dos participantes eram de ascendência europeia. Os resultados devem ser confirmados em pesquisas com grupos mais amplos. Mesmo assim, esse não é o primeiro trabalho a chamar atenção para as consequências do preconceito para a saúde.
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