Redação Publicado em 24/10/2022, às 10h00
Antes de mais nada, é preciso lembrar que o transtorno de personalidade antissocial, ou TPAS, é comumente, mas de forma incorreta, chamado de sociopatia. As chances são boas de que você conheça, ou pelo menos tenha conhecido, alguém com transtorno de personalidade antissocial, um dos dez tipos diferentes de transtornos de personalidade, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Embora os termos "sociopata" ou "psicopata" sejam comumente usados de forma intercambiável como rótulos para pessoas com TPAS, de acordo com um estudo de 2020 publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria , os termos clínicos oficiais também não são encontrados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o manual clínico usado por profissionais de saúde para diagnosticar condições de saúde mental.
Em outras palavras, uma pessoa não pode ser clinicamente diagnosticada como "sociopata" ou "psicopata". Existem, no entanto, tendências e comportamentos psicopáticos. Cerca de um terço das pessoas diagnosticadas com TPAS atendem aos critérios para psicopatia, de acordo com o mesmo estudo.
Aproximadamente 2% a 4% dos homens e 0,5% a 1% das mulheres têm TPAS, de acordo com uma revisão de 2015 da literatura publicada no Canadian Journal of Psychiatry. A prevalência do problema tem picos entre as idades de 24 a 44; às vezes, os sintomas melhoram por conta própria quando a pessoa chega aos 40 anos, de acordo com o site MedlinePlus, da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA.
De acordo com o estudo do Canadian Journal of Psychiatry, o transtorno de personalidade antissocial "é caracterizado por um padrão de comportamento socialmente irresponsável, explorador e sem culpa". Pessoas com TPAS também tendem a ter transtornos concomitantes e vícios, incluindo transtorno depressivo maior, transtorno bipolar, transtornos de ansiedade, transtornos de sintomas somáticos, transtornos por uso de substâncias, transtorno do jogo e transtornos sexuais.
Esse mesmo estudo cita que o aparecimento de TPAS tem início cedo na infância, com comportamentos antissociais começando aos oito anos de idade. Um diagnóstico adulto de TPAS geralmente requer um diagnóstico de transtorno de conduta (DC) na infância; aproximadamente 24% das meninas e 40% dos meninos diagnosticados com DC na infância terão TPAS quando adultos.
Há uma pequena porcentagem de pessoas diagnosticadas com TPAS que não têm histórico de diagnóstico de transtorno de conduta durante a infância; essas pessoas tendem a ter casos mais leves, sugerindo que o transtorno está em um espectro. O que faz com que alguém tenha o transtorno não é claro, embora, de acordo com o MedlinePlus, pareça haver um componente genético. Outros possíveis fatores incluem ser abusado quando criança e ter um pai com transtorno por uso de substâncias.
De acordo com o site MentalHealth.gov, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, a regra geral é que as pessoas com o transtorno apresentem as seguintes características:
Outras características típicas de alguém com TPAS incluem ações irresponsáveis, como deixar de cumprir responsabilidades financeiras e de trabalho. Eles também podem não ficar em um emprego por muito tempo. Em geral, são infratoras de regras, muitas vezes infringindo a lei. Ainda de acordo com o estudo do Canadian Journal of Psychiatry, até 80% das pessoas em instalações correcionais têm TPAS.
As pessoas com TPAS geralmente mentem – seja sobre algo tão significativo quanto a identidade ou aparentemente trivial como onde passaram a tarde. É um "padrão de mentira calculada", segundo os psiquiatras. Eles também tendem a exagerar para parecerem melhores e desviar a culpa para os outros.
Embora as mentiras possam ser calculadas, as pessoas com o transtorno também tendem a ser impulsivas, não calculando consequências a longo prazo. Elas realmente não têm uma imagem muito identificável do que está por vir se fizerem algo errado, mas são muito reativas à recompensa imediata.
E por que as pessoas com TPAS tendem a ser charmosas e espirituosas, elas podem não ser pegas, ou podem evitar ser punidas se forem pegas. Além disso, pessoas com esse transtorno tendem a apresentar comportamento agressivo, não mostram remorso e são impulsivas, de acordo com MedlinePlus.
O tratamento é mais eficaz para aqueles com laços familiares e de relacionamento mais fortes (incluindo ser casado), de acordo com a revisão do Canadian Journal of Psychiatry. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, certos tipos de psicoterapia e ter estratégias de autocuidado e enfrentamento também podem ajudar. Embora não existam medicamentos que tratem especificamente esse transtorno de personalidade, os medicamentos podem ser usados para ajudar a diminuir os sintomas ou condições concomitantes, como a depressão.
No entanto, é possível que a pessoa não queira se envolver com um terapeuta ou procurar ajuda. Já os entes queridos de pessoas com o transtorno podem achar que um profissional de saúde mental pode ajudá-los a lidar com a pessoa que tem TPAS e aprender a estabelecer limites para apoiar sua própria saúde e segurança mental.
TPAS é um transtorno de personalidade que pode fazer com que as pessoas ajam sem considerar como seu comportamento afeta os outros e quaisquer consequências a longo prazo. Elas podem ser impulsivas e agressivas e quebrar regras ou leis sem assumir a responsabilidade por suas ações. Profissionais de saúde mental podem recomendar planos de tratamento individualizados para pessoas com o problema – ou algumas características dele – e seus entes queridos. Os tratamentos podem incluir psicoterapia, autocuidado, estratégias de enfrentamento e medicamentos.
Fonte: Health
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