Redação Publicado em 29/01/2023, às 10h00
O jejum intermitente, que consiste em limitar em algumas horas o período em que se pode comer, virou uma grande tendência entre quem busca um corpo perfeito. Para algumas pessoas, essa é a forma mais eficaz de se perder peso, já que não exige controle rigoroso de calorias ou do tipo de alimento no período em que as refeições são permitidas.
Mas a verdade é que, apesar de todo o modismo, não é grande o número de estudos científicos existentes para justificar a mudança de hábito, que para alguns é penosa. Tanto que a Associação Americana para o Estudo do Coração decidiu financiar uma pesquisa sobre o tema. E os resultados sugerem que restringir o horário em que se come talvez não tenha tanta importância.
A equipe de estudiosos, da faculdade de medicina da Johns Hopkins, nos EUA, avaliou dados de 550 adultos de 18 anos ou mais, sendo 80% brancos, 12% negros e 3% asiáticos. Todos tiveram peso e altura medidos, bem como níveis de atividade física, e foram acompanhados por um período de 6,3 anos, em média.
Os participantes utilizaram um aplicativo móvel, chamado Daily24, para registrar os horários de dormir, acordar, e de fazer as refeições. Eles recebiam e-mails, mensagens e notificações para preencher as informações o máximo possível, num experimento que durou, ao todo, seis meses.
Os resultados, publicados no Journal of the American Heart Association, mostram que a frequência e o tamanho das refeições foram mais importantes para a perda de peso do que o tempo entre a primeira e a última refeição do dia.
Segundo os autores, o horário das refeições não foi associado à mudança de peso durante o período de acompanhamento. Embora estudos anteriores tenham sugerido que o jejum intermitente pode melhorar os ritmos do corpo e regular o metabolismo, este estudo não detectou esse vínculo.
O número diário total de refeições grandes (estimadas em mais de 1.000 calorias) e refeições médias (de 500 a 1.000 calorias) foram associadas ao aumento de peso ao longo dos seis anos de acompanhamento, enquanto menos refeições pequenas (estimadas em menos de 500 calorias ) foram associadas à diminuição do peso.
Ensaios clínicos rigorosos e em larga escala com jejum intermitente a longo prazo são extremamente difíceis de serem conduzidos. Mas os pesquisadores avaliam que no mesmo estudos de intervenção de curto prazo podem ser valiosos para ajudar a orientar recomendações futuras.
Embora o estudo tenha constatado que a frequência das refeições e a ingestão total de calorias eram fatores de risco mais fortes para mudança de peso do que o horário das refeições, os resultados não puderam provar causa e efeito diretos, de acordo com o principal autor do estudo, Di Zhao, da Divisão de Epidemiologia Cardiovascular e Clínica da Johns Hopkins.
Os pesquisadores observam que há limitações no estudo, uma vez que não foram avaliadas as complexas interações de tempo e frequência de alimentação. Além disso, como o estudo é de natureza observacional, os autores não conseguiram concluir causa e efeito. Estudos futuros também devem incluir uma população mais diversificada, segundo eles.
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